foto: Will Oliver / EPA
May esteve esta manhã de sexta-feira reunida com Graham Brady, líder do grupo parlamentar do Partido Conservador no parlamento britânico, conhecido por Comité 1922.
O rumor de uma possível demissão começou a circular depois de alguns ministros se terem juntado à revolta do Partido Conservador, segundo avançou o The Times. Esta quarta-feira, Andrea Leadsom —apoiante do Brexit, muito crítica de mais compromissos com Bruxelas —, demitiu-se de líder da Câmara dos Comuns, para não ter de estabelecer um calendário legislativo com que não concordava.
Caso May resistisse à clara vontade da maioria do partido de a afastar, o Comité 1922 iria dar início à votação formal para alterar as regras internas do partido. O objetivo seria permitir a votação de uma nova moção de censura interna. Theresa May sobreviveu a uma, no final de 2018, mas as regras dos tories determinam que ao superar a tentativa de afastamento o líder ganha um ano de imunidade interna.
A primeira-ministra britânica poderá permanecer no cargo mais seis semanas, enquanto os conservadores escolhem o seu sucessor, e, assim, ainda estaria em funções durante a visita do Presidente dos EUA, Donald Trump, ao Reino Unido, que acontece entre 3 e 5 de junho. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson está entre os favoritos para a substituir.
Theresa May, de 62 anos, assumiu o cargo em julho de 2016, pouco depois de os britânicos terem votado a favor do Brexit, no referendo de 23 de junho de 2016. Até agora, a líder não conseguiu reunir consenso quanto às condições para a saída da União Europeia entre a classe política, profundamente dividida sobre a questão, como também está a sociedade britânica.
O acordo de saída negociado com Bruxelas foi rejeitado três vezes pelos parlamentares, o que obrigou o executivo a adiar o Brexit até 31 de outubro, quando a data inicial era 29 de março, e realizar ainda as eleições para o Parlamento Europeu.
Na terça-feira, Theresa May apresentou um plano de “última oportunidade”, que incluiu uma série de compromissos para tentar convencer os parlamentares britânicos. A tentativa foi em vão, já que o texto foi alvo de uma enxurrada de críticas tanto da oposição trabalhista quanto dos eurocéticos de seu próprio partido, levando à renúncia na noite de quarta-feira da ministra encarregada das relações com o Parlamento, Andrea Leadsom. O projeto de lei, que Theresa May contava votar na semana de 3 de junho, não aparece no programa legislativo anunciado na quinta-feira pelo Governo aos deputados.
// Lusa