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A última vez que Dong Mingzhu tirou férias foi em 1991. Presidente de uma das maiores empresas da China, foi escolhida pela revista Forbes a executiva do ano do país – e há 26 anos não sabe o que é ter um dia livre.
Nas suas entrevistas, Dong costuma dizer que “não tem outra alternativa” a não ser continuar na Gree para toda a vida. As declarações demonstram a sua devoção pela empresa, em que começou como vendedora, e que se tornou um gigante na China. Em cada cinco aparelhos de ar condicionados vendidos na China, dois são da Gree Electric.
Mas a executiva reconhece que esta dedicação teve impacto na sua vida pessoal. Dong contou à TV chinesa que nunca assistiu às formaturas do filho – dos primeiros anos na escola até à universidade. “Para que o mundo seja um lugar melhor, um pequeno grupo de pessoas tem que fazer sacrifícios”, declarou na ocasião.
Descanso garantido
Os trabalhadores chineses têm direito a férias. Segundo o Chinalawblog.com, site especializado na legislação do país, todos os empregados que trabalham de forma contínua durante um ano devem ter férias remuneradas.
Nos primeiros 10 anos de serviço, o funcionário chinês tem direito a cinco dias de férias por ano. O período aumentará gradualmente e chega a até 15 dias anuais para quem estiver há 20 anos ou mais numa empresa.
A China tem emergido como potência global no sector do turismo, na medida em que os seus cidadãos têm um maior rendimento e mais tempo disponível para as actividades recreativas dentro e fora do país.
Em maio do ano passado, o grupo Tiens – de biotecnologia e produtos para a saúde – foi notícia na China ao oferecer férias em Espanha para 2.500 dos seus 10 mil funcionários.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, o bilionário chinês Li Jinyuan, dono do grupo Tiens, gastou o equivalente a 8 milhões de dólares do seu próprio bolso para levar os funcionários a passear em Espanha.
A empresa fretou 20 aviões e reservou 1.650 quartos de hotel. Em 2015, Li Jinyuan tinha já levado outros 6.400 funcionários a França.
Mas a executiva Dong Mingzhu está convencida de que o sacrifício da sua vida pessoal se justifica para garantir o bem-estar dos seus milhares de funcionários. E costuma dizer que terá muito tempo para descansar quando se aposentar.
ZAP // BBC