É triste ver que em momentos de celebração e alegria, a violência, sempre sem sentido, se continua a impor. O porquê desta persistir estará relacionado com a pouca eficácia dos meios postos ao serviço da sua erradicação.
Grande parte desta violência está associada às massas associativas que fazem parte do fenómeno das claques, relacionado a uma cultura de violência, fruto da pouca instrução dos seus membros, mas também de valores e comportamentos pouco civilizados.
De qualquer forma o extravasar de situações, que podem acontecer em clima de festa, não deve ser nunca sinónimo de devastação, resultando do aproveitamento do desporto para espalhar toda a sua agressividade.
A destruição, assaltos, provocação de incêndios, arremessos de verylights, infelizmente acontecem e devem ser punidos com a máxima eficácia, mas não podem ser motivo para atuações policiais próprias de estados autoritários que fazem da violência sobre os seus cidadãos uma marca de lei.
Não é possível que agentes de autoridade usem a sua força de forma desmedida, provocando o medo e o receio de milhares de pessoas, que à margem dos marginais e delinquentes, fazem destas celebrações um direito seu.
O que aconteceu no passado fim-de-semana em Guimarães, foi alvo de polémica porque foi filmado e extravasou para a comunicação social. O facto é que não é possível que sejam os agentes de autoridade, em nome da manutenção da ordem pública, a contribuir para impor o medo nos cidadãos e nas famílias, contribuindo assim para situações que não abonam nada a favor do bom nome destas instituições.
Esperemos que este caso seja tratado com a devida atenção e rapidamente. O Ministério Público não pode permitir que a resposta à violência de gangues e selvagens das claques desportivas, tenha como resposta mais violência e de forma indiscriminada contra gente indefesa, que nada tinha feito que justificasse a brutalidade das agressões.
A violência só pode gerar mais violência e os cidadãos precisam confiar nos agentes da autoridade do seu país como garante da ordem pública e não como agentes de terror.