É agora, mais visível que nunca, que o regime, em Portugal e na Europa, está esvaziado.
Esta campanha eleitoral mais do que tudo, mostrou-se vazia. Vazia de ideias, vazia de projetos, vazia de discurso político.
Não há qualquer discussão sobre o que realmente importa, não houve nenhum debate sério sobre o que se pretende para a Europa e consequentemente para Portugal.
Numa Europa, que se deveria mostrar preocupada para a resolução de uma crise, que está longe de se encontrar resolvida, não se ouve falar do que importa.
Era preciso esclarecer qual a posição dos vários candidatos sobre temas tão importantes como o orçamento europeu; a criação de receitas fiscais próprias; a criação de dívida comum, a emissão de eurobonds ou outros mecanismos de mutualização; a harmonização fiscal; a imigração, os referendos, etc.
A União Europeia não é, e não pode ser vista como uma mera criadora de programas Erasmus de troca de culturas e experiências libidinosas, tem de ser demonstrado ao eleitorado que é mais do que isso. Para isso é necessário debater os vários assuntos de forma séria e refletida.
O esvaziamento de debates a que assistimos só vem demonstrar a pobreza de ideias dos vários programas eleitorais. Não há um confronto direto, para que não se perceba que as ideias, dos dois ou três maiores partidos políticos sobre a Europa, são muito semelhantes e por isso a fuga aos temas importantes que deveriam ser o centro das várias campanhas. Sem isso fica apenas a encenação populista, pela falta de programa eleitoral, e o esforço, infrutífero, de alguns dos mais débeis partidos em tentarem demonstrar ideias e medidas concretas.
É inútil, as pessoas não irão votar, a renúncia vai ser a grande vencedora, como um sinal de enorme desinteresse.
Esperemos que esta abstenção, que se imagina maciça, seja entendida como a total descrença no projeto europeu como é entendido hoje e principalmente, a descrença no imprestável serviço dos nossos próprios representantes políticos.