Após a eliminação de Portugal do Mundial de Futebol, a pesada derrota do Brasil frente à Alemanha e a constatação da sua definitiva fraqueza com a Holanda, o país viveu num estado de letargia enquanto durou o Mundial do Brasil.
A vida da grande maioria dos portugueses centrou-se na prestação da seleção nacional e na discussão sobre o problema das lesões, do calor excessivo, do grau de humidade a que os jogadores estavam sujeitos, na escolha dos jogadores, nos cálculos matemáticos que nos dariam a possibilidade de continuar em jogo, e por aí adiante. Veio depois a discussão sobre o estado em que se encontra a equipa brasileira, a culpa é do Scolari, é dos jogadores, é do país, etc.
Acabado o Mundial de Futebol, o país vai entrar de férias e vai continuar alheado em relação à realidade, anestesiado perante os seus contínuos e reais problemas.
A dívida externa desmedida; o desemprego de longa duração sem solução à vista; a crescente desigualdade económica e social; a sujeição a regras orçamentais definidas a nível europeu que não resolvem os problemas referidos; a fraca produção interna; a determinação das lideranças europeias em manter um modelo económico assente nos baixos salários e na aniquilação da proteção social e dos serviços públicos;a estagnação da economia, a continuação da emigração e o grave problema da demografia; a indiferença perante a aprovação, em Conselho de Ministros, do aumento de impostos e dos cortes salariais e nas reformas para 2015; o que fazer com o problema BES.
Como iremos ultrapassar todas estas contrariedades, e centrar o debate no que realmente interessa, quais as possíveis soluções.
Enquanto no maior partido da oposição persistem as querelas políticas que têm ultrapassado o que seria a normal vivência exclusivamente interna do partido. Trazendo para a “praça pública” o que deveria ter sido tratado internamente e contribuindo para descredibilizar o PS, numa altura em que não se pode andar a perder tempo com novelas partidárias, mas sim com uma verdadeira oposição, com ideias concretas centradas no rumo do país, procurando dar respostas aos cidadãos
Vamos então aguardar que o país regresse de férias revigorado, para que, arranje soluções sérias para os seus reais problemas.
Texto: Rita Fonseca