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Neste caso do BES e das consequências que daí advirão, seja para os contribuintes, seja para o banco, seja para os transgressores, ainda muita tinta irá correr.

O que se sabe para já é que existirá uma fatura a pagar. Essa fatura, pequena ou excessiva, é inevitável. Para os acionistas que investiram e perdem tudo, o próprio Crédit Agricole, associado histórico da família Espírito Santo, já assumiu perdas no valor de 708 milhões nas suas contas. Para as pequenas e médias empresas que se arriscam a perder o financiamento. Para muitas instituições financeiras que estão a sofrer danos transversais em bolsa, sobretudo aquelas que ainda vivem uma difícil recuperação. Para os trabalhadores que vivem a angústia de uma reorganização forçada sem saberem como vai ser o seu futuro.

E ainda, para os contribuintes que apesar da promessa de que não haverá custos, não podem demonstrar impassibilidade. Isto porque o recurso ao dinheiro da ‘troika’ terá custos, ainda que indiretos e num prazo longo.
Pelo meio nasce um “Novo Banco”, ainda com muitas questões a serem postas, em relação aos postos de trabalho e à viabilidade do banco. Possivelmente a sua liquidação será inevitável, mesmo que isso implique a perda do dinheiro dos contribuintes ou de uma boa parte dele.

Os próximos tempos serão reveladores para o que se terá passado no Grupo Espírito Santo, muitas perguntas ainda aguardam resposta, sobre o dinheiro que entrou e saiu sem se saber como ou para onde, sobre o dinheiro que nunca se viu, sobre quem é o responsável, ou os responsáveis pelas habilidades feitas, com as contas que agora outros têm de pagar, sobre que decisões levaram à ruína do maior banco privado do país.

Ricardo Salgado será sem dúvida o nome que fica associado a este descalabro, mas um buraco de cerca de 4 mil milhões de euros não pode ter só um culpado. A responsabilidade do banqueiro e da sua gestão terá de ser investigada e, ele será sem dúvida o maior culpado, mas alguém acredita que isto tudo seria possível sem apoios?

Possivelmente também neste caso a culpa, a morrer, será solteira.

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