A presidente Dilma Rousseff deu sinais de que está preocupada com as consequências das manifestações que ocorrem em todo o Brasil. Em comunicado oficial à nação, ela disse que vai dialogar com os líderes dos movimentos pacíficos, mas ressaltou o dever do Brasil como protagonista na Copa do Mundo de 2014.
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Dilma prometeu que irá chamar os governadores e prefeitos das principais cidades do país, os líderes das manifestações populares, representantes de organizações de jovens, das entidades sindicais, dos movimentos de trabalhadores e das associações populares para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos. Em relação à Copa, ela relatou que o Brasil sempre foi bem recebido em outros países, e deve, portanto, receber, com “respeito, carinho e alegria”, as nações amigas para o evento sediado pela nação hexacampeã.
Segundo ela, as manifestações demonstram a força da democracia e o desejo da juventude de fazer o país avançar. Ela afirma que essa energia será aproveitada para o país conseguir alcançar o que ainda falta, em termos de segurança, educação e transporte.
No entanto, Dilma condenou o vandalismo de alguns grupos menores. “Se deixarmos a violência tomar conta, corremos o risco de colocar muita coisa a perder”, disse. Para ela, as manifestações trouxeram importantes lições, pois as tarifas baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional.
A presidenta citou também a trajetória de defesa da democracia durante a ditadura como motivo para levar as reivindicações em consideração. “A minha geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida. Muitos foram perseguidos, torturados e morreram por isso. A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada e não pode ser confundida com o barulho e a truculência de alguns arruaceiros”.
Focos
Segundo ela, as ações do governo terão três focos. O primeiro será a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo. O segundo é a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação, proposta que está em discussão no Congresso. Para melhorar a saúde, Dilma prometeu trazer mais médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Dilma disse ainda que não deixará de combater a corrupção. “A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática. Ela reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de dinheiro público. Todos me conhecem. Disso eu não abro mão”.
Entenda
Dilma fez mais de uma reunião pela manhã com ministros para discutir a possbilidade das manifestações seguirem sem controle no país, o que poderia colocar em risco os jogos da Copa das Confederações, além de prejudicar a imagem do país perante investidores estrangeiros.
O que começou com um protesto do Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo alastrou-se para as principais capitais do país. As manifestações possuem agora objetivo difuso, tendo como principais alvos a PEC 37, os altos gastos com a Copa do Mundo de 2014 e a corrupção.
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