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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avaliou como inaceitável a ação da Polícia Militar em São Paulo na contenção de protestos na noite de quinta-feira contra aumento na tarifa de ônibus. Ele evitou, no entanto, rebater a posição do governador Geraldo Alckmin, que defendeu mais cedo a atuação policial.

“Na noite de ontem nós tivemos uma situação que evidentemente não podemos aceitar. Para mim, do que vi de imagens e do que vi de informações, houve sim uma situação de violência policial que também considero inaceitável”, afirmou o ministro em entrevista coletiva.

“Em relação a abusos policiais não podemos transigir nunca”, acrescentou Cardozo. “É muito importante que nossos corpos policiais saibam se localizar dentro da democracia.”

Para mim, do que vi de imagens e do que vi de informações, houve sim uma situação de violência policial que também considero inaceitável

José Eduardo Cardozo ministro da Justiça, sobre repressão a protesto em São Paulo

Em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin atribuiu a um movimento político os atos de “vandalismo e violência” por parte dos manifestantes. Ele afirmou ainda que a polícia sempre trabalha para defender os manifestantes.

“Eu não posso e não devo tecer qualquer polêmica em relação a qualquer governador”, afirmou o ministro. Cardozo elogiou a postura da Secretaria de Segurança Pública paulista, que decidiu abrir um processo de investigação para identificar abuso policial.

“Me parece, pelas informações que tive, é que na quarta, nas manifestações anteriores, eu não tinha recebido nenhuma informação de abuso policial. Tanto que minhas falas foram sempre na linha de uma crítica àqueles que se manifestavam agindo com vandalismo e depredação. E eu acredito que tenha sido uma minoria”, alegou o ministro.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em verdadeiros cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, vários jornalistas que cobriam o protesto foram detidos, ameaçados ou agredidos.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011.

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Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. “O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros”, disse em nota.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

A repórter Giuliana Vallone, do jornal Folha de S. Paulo, foi atingida no olho por uma bala de borracha da PMFoto: Guilherme Kastner / Brazil Photo Press

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