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Às segundas e quartas-feiras, as ruas da cidade de Lamego transformam-se numa espécie de ginásio ao ar livre e são “invadidas” por pessoas de várias idades que têm o objetivo comum de melhorar a sua condição física.

Cerca de cem pessoas participam regularmente no projeto “Em Forma”, dinamizado pelo Centro Municipal de Marcha e Corrida de Lamego.

O projeto pretende “sensibilizar e motivar as pessoas para a prática de marcha e corrida de uma forma regular e saudável” e, ao mesmo tempo, monitorizá-las, para verificar os efeitos na sua saúde, disse à agência Lusa Ricardo Batista, responsável pelo centro.

Este projeto teve início em 2010 e, desde então, tem registado “uma adesão constante e consistente”, o que levou ao seu alargamento.

“Inicialmente, era direcionado para uma faixa etária mais alta, nomeadamente aposentados, pessoas que estivessem em casa. Devido ao seu sucesso, decidimos alargá-lo tanto a nível de horário como de escalão etário”, explicou Ricardo Batista.

Os participantes do “Em forma” saem para as ruas às segundas e quartas-feiras, de manhã e ao final da tarde.

Segundo Ricardo Batista, o habitual é, da parte da manhã, participarem mais as pessoas “que estão em casa, aposentadas, desempregadas ou que trabalham por turnos” e, ao final da tarde, os mais novos e que trabalham durante o dia.

“As pessoas que caminham sozinhas chegam a um ponto em que acabam por desmotivar. Acompanhadas, a motivação é sempre maior”, frisou, acrescentando que esta é uma oportunidade que têm para falar de vários assuntos com os outros participantes e esquecer os tempos de crise.

Quando era maquinista da CP, António Carvalho dividia a vida entre o trabalho e alguma agricultura nos dias de folga.

Agora, aos 73 anos, todas as semanas pega no seu carro e, acompanhado por mais duas ou três pessoas, sai da freguesia de Samodães rumo à sede de concelho para participar no projeto “Em forma”.

“Aqui, arranjamos amigos e outras convivências. Desenvolvemos os nossos músculos, mas também a cabeça”, realçou, recordando o desânimo que sentiu no ano passado quando partiu um tornozelo e teve de ficar um mês de cama.

Depois de tantas caminhadas e exercícios, António Carvalho tem uma certeza relativamente ao projeto: “Faz bem, 100% bem”.

Também Cassilda Xavier, de 61 anos, que vive em Ferreiros e participa há três anos no projeto, afirmou à Lusa já ter sentido resultados ao nível das análises ao sangue, da tensão e da condição física.

“Eu estava a ficar muito parada e agora não, agora mexo-me muito bem”, sublinhou, garantindo que nunca falta às caminhadas e que, mesmo no fim de uma de 18 quilómetros, ainda seria “capaz de fazer outra”.

Cassilda Xavier, que é viúva, disse também sentir-se melhor psicologicamente desde que participa no projeto, onde fez novos amigos.

“Tenho muito amor aos filhos, aos queridos netos, mas isso não era tudo. E estes convívios fazem bem, à saúde, à nossa cabeça”, acrescentou.

Quinzenalmente, é alterado o percurso, a sua intensidade e duração, de forma a dotar as pessoas de uma maior resistência aeróbia e muscular.

Ricardo Batista explicou que, trimestralmente, é feita uma avaliação aos participantes, com o apoio da Faculdade de Desporto do Porto, no âmbito de uma tese de doutoramento que pretende avaliar o impacto da marcha e corrida na saúde das pessoas.

“Neste momento, os dados que nos são facultados permitem chegar a essa conclusão: a prática regular, nomeadamente com apoio técnico qualificado, permite uma maior evolução na saúde e na capacidade aeróbica das pessoas”, referiu.

Lusa/ Foto:NUNO ANDRE FERREIRA/LUSA

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