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Tudo na nossa vida depende do tempo: os compromissos, as memórias e até os planos futuros. Mas uma equipa de investigadores da Universidade de Harvard e do Instituto Astellas de Medicina Regenerativa sugere que, afinal, o tempo é algo completamente subjetivo e só existe na nossa cabeça.

Todas as pressões que enfrentamos no dia-a-dia, inclusive a de não perder tempo, apontavam para o seu efeito profundo.

Agora, este novo estudo afirma que a gravidade não é suficientemente forte para forçar todos os objetos do universo para a frente – o que contradiz a teoria da seta do tempo.

Segundo a teoria da seta do tempo, o que é novo torna-se velho, o passado torna-se no presente – por exemplo, não há a possibilidade de “descozinhar” um ovo.

Mas, se esquecermos a nossa própria perspetiva por um segundo, e olharmos para o universo como um todo, a única coisa que governa o comportamento do universo são as leis da física.

E o problema, explica a Science Alert, é que todas, menos uma dessas leis, são reversíveis – o que significa que os mesmos efeitos ocorrem independentemente de o tempo andar para a frente ou para trás.

A gravitação de Newton, a eletrodinâmica de Maxwell, a relatividade especial e geral de Einstein, a mecânica quântica – nenhuma dessas equações depende do tempo.

Segunda lei da Termodinâmica

Um exemplo da qualidade “reversível” do universo é a órbita de um planeta ao redor uma estrela, de acordo com a força da gravidade.

Não importa se o tempo anda para a frente ou para trás, as órbitas planetárias seguem exatamente os mesmos caminhos – a única diferença é a direção da órbita.

Sendo assim, alguns especialistas admitem que o tempo poderia ser subjetivo, se não fosse uma coisa chamada segunda lei da termodinâmica.

De acordo com essa lei, conforme o tempo passa, a quantidade de desordem no universo aumenta– ou seja, se os ovos cozidos foram desordenados para serem cozinhados, não é possível voltar atrás e diminuir a quantidade de distúrbio aplicada a esse sistema particular.

Por esta razão, a segunda lei da termodinâmica tem sido considerada a fonte da teoria da seta do tempo.

Segundo a Science Alert, vários físicos acreditam que um transtorno tem sempre tendência a aumentar depois de algo acontecer, e afirmam que o tempo só se pode mover numa direção.

Universos paralelos

Alguns especialistas suspeitam que, quando a gravidade força um número de partículas minúsculas a interagir umas com as outras, a seta virada para a frente do tempo emerge, e a desordem pode aumentar.

As regras, em seguida, mudam para favorecer um universo “sem direção” – assim que estas partículas minúsculas começam a interagir com outras muito maiores.

Para que isso funcione, a entropia deverá ter aumentado, portanto o universo deverá ter começado mais ordenado do que é agora – o que sugere que existem universos paralelos onde o tempo anda para qualquer direção.

Decoerência

Para desvendar este mistério, um dos maiores da ciência moderna, dois físicos decidiram testar a hipótese que defende que a gravidade é a força por trás desta questão.

O ponto em que as partículas fazem a transição de ser governadas pela seta do tempo a ser regida pelas leis sem direção do universo é conhecido como decoerência – a equação Wheeler-DeWitt diz que essa transição é feita graças à gravidade.

Mas quando os físicos Dmitry Podolsky, da Universidade de Harvard, e Robert Lanza, do Instituto Astellas de Medicina Regenerativa, mediram a gravidade através da equação de Wheeler-DeWitt, descobriram que, na verdade, os efeitos da gravidade são demasiado lentos para possibilitar uma seta do tempo.

Se a gravidade é muito fraca para segurar uma interação entre moléculas conforme fazem a transição – a decoerência – também não é forte o suficiente para forçá-las na mesma direção.

“A nossa pesquisa revela que o tempo não existe, sendo uma propriedade emergente que depende apenas da capacidade do observador de preservar informações sobre acontecimentos vividos”, explicou Lanza à Discover Magazine.

Os investigadores sugerem que a seta do tempo é, afinal, subjetiva e determinada pelo observador– algo que tem gerado opiniões controversas de outros cientistas.

O físico Yasunori Nomura, da Universidade da Califórnia em Berkeley, aponta que Podolsky e Lanza não tiveram em conta o tecido do espaço-tempo, e introduziram uma qualidade na equação – “tempo do observador” – que ninguém sabe se é real.

“Tudo isso depende se o conceito de tempo pode ser definido matematicamente sem incluir observadores no sistema”, argumenta Nomura.

O estudo será publicado na revista Annalen der physik.

BZR, ZAP / Hypescience

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