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O valor das empresas farmacêuticas, cotadas em bolsa, que fabricam vacinas contra a covid-19 aprovadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) caiu entre quarta e quinta-feira.
De acordo com o Expresso, o valor das empresas farmacêuticas na bolsa sofreu uma queda, na sequência das afirmações do Presidente dos Estados Unidos. Joe Biden anunciou esta quarta-feira que é a favor de renunciar às proteções de propriedade intelectual para as vacinas contra a covid-19, com o objetivo de aumentar a produção de vacinas.
Esta quinta-feira, a proposta dividiu as opiniões dos líderes europeus, com a Alemanha contra e muitos outros países a favor da ideia. Mas, a avançar, a quebra de patentes terá ainda que ser aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cujo diretor-geral se mostra favorável a esta medida, escreve o semanário.
A possível renuncia às proteções de propriedade intelectual para as vacinas contra a covid-19 fez com que, em conjunto, a capitalização bolsista da AstraZeneca, BionNTech, CanSino Biologics, Johnson & Johnson, Moderna, Novavax, Sinopharm e Pfizer caiu 3%, ou mais de 27 mil milhões de dólares, segundo o Jornal de Negócios.
As ações da Pfizer caíram 1,7%, enquanto as da sua parceira de produção BioNTech encolheram mais de 15%. Já as ações da Moderna melhoraram 1,3% depois de uma queda de 12%, enquanto a Johnson & Johnson e a AstraZeneca pouco se alteraram.
Também outras farmacêuticas a desenvolverem vacinas contra a covid-19 foram afetadas pelas declarações, com a Novavax – cuja vacina aguarda aprovação – a encolher imediatamente 10%, recuperando depois 1,6%. A Curevac, que já obteve aprovação, caiu 18%.
Ao mesmo tempo, as ações das empresas chinesas CanSino Biologics e Sinopharma reduziram 15% e 6%, respetivamente.
No entanto, estas quedas não refletem a trajetória em bolsa das farmacêuticas nos últimos meses, que têm vindo a valorizar – como é o caso da BioNTech ou da Cansino que quase duplicaram o seu valor.
E os resultados também as favorecem. Só a Pfizer e a Moderna preveem, este ano, um total de 45 mil milhões de dólares em vendas das vacinas contra a covid-19 – a primeira estima um total de 26 mil milhões e a segunda 19,2 mil milhões.
A Moderna registou o seu primeiro trimestre com lucros desde que foi fundada em 2010, contabilizando 1,7 mil milhões de dólares em vendas. Já a Pfizer apresentou receitas de 2,5 mil milhões com a vacina, a AstraZeneca de 275 milhões e a Johnson & Johnson 100 milhões de dólares.
Presidente do Conselho Europeu admite debater “proposta concreta” de suspensão
Entretanto, o presidente do Conselho Europeu disse que os líderes estão “disponíveis” para negociar uma “proposta concreta” de suspensão das patentes de vacinas contra a covid-19, mas que esta não é a “bala mágica” a curto prazo.
“Sobre a propriedade intelectual, não pensamos que, a curto prazo, esta seja a bala mágica, mas estamos disponíveis para nos empenharmos neste tópico assim que uma proposta concreta seja posta em cima da mesa”, disse Charles Michel.
Falando aos jornalistas à chegada ao Conselho Europeu informal que decorre no Porto este sábado, e depois de um jantar oficial dominado por este tema, o responsável belga vincou que os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) “concordaram que é preciso fazer tudo o que for possível para aumentar em todo o mundo a produção de vacinas”.
“No que toca à solidariedade internacional, estamos totalmente empenhados através da COVAX [mecanismo de acesso às vacinas], mas também porque na Europa tomámos a decisão de tornar possível a exportação de vacinas, e encorajamos todos os parceiros a facilitar a exportação das mesmas”, vincou ainda Charles Michel.
Ainda sobre o jantar oficial de sexta-feira à noite, dedicado à pandemia de covid-19, o líder do Conselho Europeu salientou que a UE está a “fazer progressos ao nível da previsão da vacina e da distribuição da mesma”, numa altura em que foram já administradas 157 milhões de doses de um total 192 milhões distribuídas.
Os dados são do Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças e referem que, em termos percentuais, 11,9% dos adultos europeus tem a inoculação completa e 31,3% a primeira dose da vacina.
“O segundo ponto importante que se discutiu ontem [na sexta-feira à noite] é a questão dos certificados verdes e decidimos que, no dia 25 maio, no próximo Conselho Europeu, vamos convergir sobre este tópico a fim de garantir que podemos encorajar todos os esforços no sentido de encontrar um acordo comum sobre este importante tópico”, afirmou ainda Charles Michel, numa alusão ao livre-trânsito digital comprovativo de vacinação, testagem ou recuperação da covid-19.
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