“Portugal está acima da média europeia no que toca à percentagem de crianças e jovens, que mostram boas competências de resiliência, em particular na faixa entre os 9-10 anos”, diz, em comunicado, a coordenadora nacional do projeto EU Kids Online, Cristina Ponte, professora da Universidade Nova de Lisboa.
O mais recente relatório analisou especificamente a forma como as crianças, com idades entre os nove e os 16 anos, lidam com três riscos online: exposição a conteúdos sexuais indesejados (pornografia), “bullying online” e “sexting” (troca de mensagens ou fotos de cariz sexual).
Segundo o documento, a maioria das 25 mil crianças e jovens inquiridos na Europa “não se sente incomodada quando confrontada com riscos ‘online'”.
Contudo, este lembra que as crianças que acham mais difícil gerir as suas emoções, conduta e comportamento social, na vida real, “têm mais probabilidade de se sentir incomodadas e perturbadas no mundo ‘online'”.
“As crianças com problemas psicológicos têm menor resiliência na Internet – ou seja, os riscos online perturbam-nas com mais frequência e intensidade”. Além disso, essas crianças “tendem a ser passivas, em vez de procurarem ativamente resolver o problema”, alerta o relatório.
Tanto na exposição a conteúdos sexuais, como no “bullying online” ou no “sexting”, falar com alguém é a estratégia “mais popular” que as crianças e jovens inquiridos utilizam para lidar com estes riscos.
Contudo, há também quem simplesmente resolva o problema apagando as mensagens ou bloqueando os remetentes.
“Para conteúdos sexuais perturbadores, apagar as mensagens foi avaliado como o modo mais eficaz (por 82%); quanto ao ‘bullying online’, a estratégia de bloquear o remetente foi vista como a mais eficaz (78%)”, revela.
Já outras crianças e jovens reagem de “forma passiva”, desligando a Internet durante algum tempo. De acordo com o estudo, essa estratégia é utilizada por 18% dos que receberam mensagens de cariz sexual, e 25% dos que viram conteúdos sexuais.
O relatório conclui ainda que as raparigas são mais sensíveis em relação a riscos “online” de cariz sexual e “sexting”, e que estas se sentem ofendidas ou perturbadas com mais frequência e intensidade do que os rapazes.
Cristina Ponte, coordenadora nacional do projeto EU Kids Online, lembra que os resultados, em Portugal, confirmam as tendências europeias.
“Crianças mais novas, do sexo feminino e de meios sociais mais desfavorecidos, foram as que mais reportaram o dano. Crianças com baixa auto-estima e com problemas psicológicos reagem de um modo mais passivo ou fatalista aos riscos que as perturbaram, na Internet”, explica.
Ensinar as crianças a usar estratégias pró-activas na internet para lidar com os riscos (como apagar mensagens ou bloquear os remetentes) desde cedo, seja na escola, na família ou entre amigos, é uma das várias recomendações que este estudo deixa.
Notícia Agência Lusa