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foto : José Sena Goulão / Lusa

SIC Notícias teve acesso a documentos do caso EDP que apontam que Manuel Pinho recebeu 2,1 milhões de euros do “saco azul” do Grupo Espírito Santo, a offshore ES Enterprise, com sede no Panamá.

A estação refere que consultou folhas de cálculo de Jean-Luc Schneider, um alto quadro do GES, que “recebia as ordens de Ricardo Salgado” e registava todas as entradas e saídas do “saco azul”. Numa dessas folhas consultadas pela SIC, relativa ao ano de 2012, o nome dePinho surge à cabeça da lista de pagamentos de Ricardo Salgado, só sendo superado por duas ordens de pagamento para dois membros da família de Ricardo Salgado.

Esses pagamentos, que terão sido efectuados entre 2002 e 2014, terão sido feitos para sociedades offshore de Pinho. E dos 2,1 milhões do “bolo”, Pinho terá recebido 793 mil euros enquanto desempenhava funções de ministro da Economia no Governo de José Sócrates.

A SIC Notícias aponta, ainda, que foram detectadas outras transferências do “saco azul” do GES para uma conta de Pinho na filial suíça do BES, no valor de mais de 300 mil euros, entre 2013 e 2014. Estes valores podem respeitar a remunerações pelo cargo que desempenhou de vice-presidente do BES África, aponta a SIC, frisando que, como foram depositados fora de Portugal, escaparam ao crivo do fisco.

Ainda segundo a SIC Notícias, os investigadores do caso EDP recorreram a escutas telefónicas entre Pinho e José Sócrates que foram interceptadas no âmbito da Operação Marquês. Numa dessas conversas, “Pinho pede ao antigo primeiro-ministro que interceda junto de Lula da Silva para arranjar um financiador brasileiro para um programa de formação na Universidade de Columbia”, nos EUA, refere o canal de televisão.

Pinho é suspeito de ter beneficiado a EDP em cerca de 1,2 mil milhões de euros por decisões tomadas enquanto ministro da Economia. Como contrapartida, o ex-governante terá recebido o patrocínio para dar um curso na Universidade de Columbia.

Antes de ter sido nomeado para o Governo, em 2005, Pinho trabalhava no Grupo BES que foi um dos accionistas de referência da EDP.

Pinho vai ao Parlamento, mas não fala

O Bloco de Esquerda entregou nesta quarta-feira, no Parlamento, um projecto de resolução para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à actuação de Manuel Pinho no âmbito das rendas excessivas no sector da energia.

A proposta do BE visa averiguar “o pagamento de rendas e subsídios aos produtores de electricidade, sob a forma de Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual ou outras”, cita o Diário de Notíciasque publica o documento.

Os bloquistas pretendem também analisar “a existência de corrupção de responsáveis administrativos ou titulares de cargos políticos com influência ou poder na definição destas rendas”.

A CPI deverá abranger os governos de Durão Barroso, de Santana Lopes, de José Sócrates e de Pedro Passos Coelho, ou seja, “todo o período de vigência dos CMEC, de 2003 a 2014″, refere o DN.

Manuel Pinho ficará, assim, obrigado a comparecer nesta CPI, caso contrário, pode ser emitido um mandado de detenção. Mas se essa presença for solicitada antes de o ex-ministro prestar declarações no Ministério Público, Pinho vai manter-se em silêncio perante os deputados.

ZAP //

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