A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou para o facto da epidemia de ébola na República da Guiné, na Serra Leoa e na Libéria estar “fora de controlo”, pelo que é necessário uma mobilização maciça de recursos.
Em comunicado, a MSF recorda que foram identificados doentes em mais de 60 locais dos três países da África Ocidental infectados, o que torna muito difícil localizar, identificar e tratar os doentes em asilos para deter o surto.
“A epidemia está fora de controlo. Com o aparecimento de novos focos na Guiné, Serra Leoa e Libéria, existe um risco real de o surto se expandir a outras áreas”, afirmou, citado no comunicado, Bart Janssens, da MSF.
A ONG indica que atualmente é a única organização que está a tratar os doentes de um vírus “que pode matar até 90 por cento dos infetados”.
Até agora, a MSF tratou 470 doentes, 215 dos quais eram casos confirmados de ébola, mas está “a ter problemas para responder a um número crescente de casos”, referiu o médico. “Alcançámos o nosso limite. Apesar dos recursos humanos e do equipamento enviado pela MSF para os três países, não podemos enviar as nossas equipas para novos lugares”, alertou Janssens.
Segundo os mais recentes dados anunciados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de vítimas mortais causadas pela epidemia de ébola na África Ocidental ascende já a 350, de 528 casos confirmados.
“A OMS, os países afetados e os países vizinhos devem disponibilizar os recursos necessários, em particular pessoal médico, e fazer campanhas de sensibilização. O ébola já não é uma questão de saúde pública limitada à República da Guiné, mas que afeta toda a região”, indicou a organização.
Esta é a primeira vez que se identifica e se confirma a existência de uma epidemia de ébola na África Ocidental (pois até agora tinham sempre ocorrido na África Central), tendo, nos últimos dias, sido diagnosticadas dezenas de novos casos na República da Guiné, Serra Leoa e Libéria, os três países onde, por enquanto, foram detetadas infeções..
Apesar da situação, por agora, a OMS não recomenda qualquer restrição em viagens ou comércio na região.