foto : Jim Lo Scalzo / EPA
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu este sábado o Teerão que os Estados Unidos identificaram 52 locais no Irão e que os atacarão “muito rapidamente e duramente” se a República Islâmica atacar pessoal ou alvos americanos.
Alguns desses locais iranianos “são de muito alto nível e muito importantes para o Irão e para a cultura iraniana”, precisou Donald Trump numa mensagem da sua conta da rede social Twitter. “Os Estados Unidos não querem mais ameaças”, acrescentou.
Donald Trump disse ainda que o número de 52 lugares corresponde ao número de norte-americanos que foram feitos reféns durante mais de um ano, no final de 1979, na embaixada dos Estados Unidos em Teerão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano alertou o Presidente dos Estados Unidos sobre as novas ameaças que fez ao Irão e o exército iraniano também disse que Donald Trump não se atreverá a atacar o seu país.
“Tendo violado gravemente o direito” internacional com os “assassínios covardes” do general iraniano Qassem Soleimani e de um chefe da milícia pró-Irão no Iraque, Trump “ainda ameaça cometer novas violações das normas imperativas do direito internacional”, para cruzar novas “linhas vermelhas”, escreveu o ministro Mohammad Javad Zarif na sua conta na rede social Twitter.
Zarif declarou ainda que “atacar locais culturais é um crime de guerra”. Por seu lado, o exército iraniano respondeu ao último desafio de Donald Trump, expressando dúvidas de que os Estados Unidos tenham a “coragem” de atacar o Irão.
“Dizem este tipo de coisas para desviar a atenção da opinião mundial sobre o seu ato hediondo e injustificável”, disse o major-general Abdolrahim Moussavi, comandante-chefe do exército iraniano, citado pela agência oficial Irna, referindo-se ao assassínio do general Soleimani. Mas “duvido que tenham coragem”, acrescentou o militar iraniano.
A tensão entre os Estados Unidos e o Irão aumentou na sequência da morte do comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani, vítima na sexta-feira de um ataque aéreo contra o aeroporto internacional de Bagdade que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
O ataque já suscitou várias reações, tendo quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas — Rússia, França, Reino Unido e China – alertado para o inevitável aumento das tensões na região e pedido às partes envolvidas que reduzam a tensão. O quinto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU são os Estados Unidos.
No Irão, o sentimento é de vingança, com o Presidente e os Guardas da Revolução a garantirem que o país e “outras nações livres da região” vão vingar-se dos Estados Unidos. Também o líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, prometeu vingar a morte do general e declarou três dias de luto nacional, enquanto o chefe da diplomacia considerou que a morte como “um ato de terrorismo internacional”.
Embaixada dos EUA em Lisboa emite alerta
A embaixada dos Estados Unidos em Lisboa emitiu este sábado um alerta de segurança aos cidadãos norte-americanos em Portugal por causa do aumento da tensão no Médio Oriente, após a morte do general iraniano Qassem Soleimani em Bagdade.
No alerta, difundido online, a missão diplomática dos Estados Unidos na capital portuguesa assinala que o “aumento de tensão no Médio Oriente pode resultar em riscos de segurança acrescidos para os cidadãos norte-americanos no estrangeiro” e aconselha os norte-americanos em Portugal a manterem uma postura discreta, redobrarem a atenção em locais frequentados por turistas, reverem os planos pessoais de segurança e a manterem os documentos de viagem atualizados e acessíveis.
A Embaixada adianta que continuará a acompanhar a situação de segurança e fornecerá informações adicionais se tal se revelar necessário.
ZAP // Lusa