Uma nova avaliação realizada por investigadores da OMS concluiu que o excesso de peso e a obesidade são fatores de risco para mais tipos de cancro do que se pensava.
A nova avaliação é do programa de prevenção da Agência Internacional de Pesquisa sobre Cancro (IARC), departamento especializado da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O grupo de trabalho avaliou mais de mil estudos sobre ligações entre a gordura corporal e o cancro.
Os 21 especialistas internacionais reunidos pelo IARC confirmaram que um nível de gordura corporal dentro dos níveis recomendados reduz o risco de cancro de cólon e reto, esófago, rim, mama em mulheres após a menopausa, endométrio e útero.
Além disso, os especialistas identificaram “evidências suficientes” que ligam a ausência de excesso de peso a cancro do estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovários, tiróide, meningioma(cérebro) e mieloma (sangue).
O resumo com as principais conclusões foi publicado no New England Journal of Medicine esta quinta-feira.
Segundo Béatrice Lauby-Secretan, autora principal do artigo, esta “avaliação abrangente reforça os benefícios de manter um peso saudável para reduzir o risco de diferentes tipos de cancro”.
Tipos de Cancro
Os especialistas confirmaram que a ausência do excesso de gordura corporal reduz o risco de cancro de cólon e reto, esófago, rim, mama em mulheres após a menopausa, endométrio e útero, tal como tinha sido concluído em pesquisas anteriores de manuais do IARC.
Além disso, a revisão dos estudos disponíveis sobre adultos de meia idade mostrou que há “evidências suficientes” em humanos de que as pessoas magras têm menos risco de cancro de estômago, fígado, vesícula biliar, pâncreas, ovários, tiróide, meningioma (cérebro) e mieloma (sangue).
Segundo o IARC, há também “evidência limitada” de que a ausência de gordura corporal em excesso reduza o risco de cancro fatal de próstata, de mama em homens e linfoma difuso de grandes células B.
O grupo de trabalho também reviu dados sobre a gordura corporal em crianças, adolescentes e jovens adultos, com idades até 25 anos. O objetivo era avaliar se a obesidade no início da vida está ligada ao cancro na vida adulta.
Para diversos tipos da doença, incluindo de cólon e fígado, foram observadas associações entre excesso de peso e cancro semelhantes aos registrados em adultos.
De acordo com o IARC, é reconhecido que o excesso de peso em animais usados em experiências aumenta a incidência de diversos tipos de cancro. Estudos nesses animais mostrou que as restrições calóricas ou alimentares reduzem o risco de cancro na glândula mamária e pituitária, cólon, fígado, pâncreas e pele.
Mais pessoas obesas do que abaixo do peso
A gordura corporal é avaliada principalmente pelo índice de massa corporal, definida pelo peso de uma pessoa em quilos divido pelo quadrado de uma altura em metros.
Em adultos, o excesso de peso é definido pelo índice igual ou maior a 25 e obesidade igual ou maior a 30.
Em todo o mundo, cerca de 640 milhões de adultos eram obesos em 2014, um aumento de seis vezes deste 1975, e 110 milhões de crianças e adolescentes eram obesos em 2013, o dobro desde 1980.
Estimativas de 2014 eram de que 10,8% dos homens, 14,9% das mulheres e 5% das criançassofriam de obesidade. Em todo o mundo, mais pessoas estão nessa situação do que abaixo do peso.
Segundo o IARC, em 2013, cálculos são de que 4,5 milhões de mortes tenham sido ligadas ao sobrepeso ou à obesidade. O órgão ressalta que a identificação de novos tipos de cancro relacionados ao excesso de peso deve aumentar o número de mortes em todo o mundo atribuídas à obesidade.
Para o diretor do IARC, Christopher Wild, as novas evidências enfatizam o quão importante é encontrar formas eficazes, tanto individualmente como a nível social, de implementar as recomendações da OMS sobre a melhoria de padrões alimentares e de atividade física para combater “o fardo do cancro e outras doenças crónicas”.
Rádio ONU