foto : d.r. BBC
Na semana passada, o Governo anunciou que a sua vontade é começar a retornar à normalidade, dentro do possível. Uma dessas medidas é reabrir as creches em maio.
A ideia é que as creches (para crianças dos zero aos três anos) reabram logo no início de maio e só depois, um pouco mais tarde, serão os jardins de infância (para crianças dos três aos seis anos) a reabrir as portas.
Porém, de acordo com o Observador, esta medida não gera consenso. Na página de Internet Petição Pública somam-se petições criadas por cidadãos para impedir que as crianças sejam as primeiras a sair do confinamento. As petições contam com cerca de 18 mil, 10 mil e quatro mil assinaturas.
As quatro petições dirigem-se ao Governo, às figuras do Presidente da República e primeiro-ministro, à Assembleia da República, aos profissionais de educação e às famílias e apelam a que não se reabra as creches.
Numa das petições, defende-se o encerramento das creches e dos jardins de infância até ao final do ano letivo. “As crianças podem nem saber manter a distância de segurança”, além de “não perceberem o porquê de não poderem abraçar-se, beijar ou pedir colo”.
Os mais novos estão “constantemente em contacto direto com colegas, educadores e auxiliares” e que, mesmo lavando as mãos regularmente, estas “nunca estão limpas”. O risco de contagiar educadores e auxiliares é outro dos argumentos.
“Acho uma falta de respeito abrirem as creches e brincarem com a saúde dos mais pequenos”, lê-se.
Noutra petição faz-se referência que a decisão de reabrir as creches em maio é tida como “uma bomba relógio”.
“Abrir as creches é muito complicado”
Em entrevista à revista Sábado, o pneumologista Filipe Froes admitiu que abrir as creches “não é uma decisão fácil”, mas, “neste contexto, é muito complicado”.
À revista, Filipe Froes admitiu duvidar de que a situação epidemiológica seja tão boa como dizem. “Se estamos em planalto, era legítimo esperar que o número de internamentos, doentes em cuidados intensivos e mortos estivessem a descer. Mas os internamentos subiram há dois dias. Em que é que ficamos?”, questiona Filipe Froes.
O médico avisou que “o ideal era ter 15 dias de diminuição progressiva mantida dos dados” antes de abrir creches onde vão estar crianças que “são focos de transmissão”. À Sábado, Filipe Froes alertou que a reabertura precoce vai “contribuir para a criação de cadeias de transmissão com impacto em grupos de risco”.
À mesma revista, Ricardo Mexia, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, disse que “os mais jovens terão dificuldades em manter as recomendações” para evitar o contágio. Essa “é a parte difícil”, avisou.
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