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Todas as semanas morrem dezenas de crianças nos hospitais de Luanda. Faltam medicamentos, sangue, equipamentos, médicos e enfermeiros. Oposição angolana exige que se declare o estado de calamidade nacional.

 

Ao entrar no Hospital Pediátrico David Bernardino, um dos maiores de Angola, o primeiro som que se ouve é o de pessoas a chorar. Há crianças que morrem nos braços das mães e pais à espera de sangue para fazer uma transfusão.

Vasco está no hospital e foi com o filho ao banco de urgência, que está completamente cheio. “Está muito complicado. Não temos dinheiro. O paciente é que tem de comprar tudo. São já 16 horas de espera. O meu filho está sem o sangue e eu até já doei mas até agora não fomos atendidos”, lamenta o pai.

Há muitas crianças em estado grave, mas a espera prolonga-se. O hospital não tem camas suficientes para tanta gente. Quatro pacientes dividem uma cama, enquanto outros recebem assistência por cima de um pano estendido no chão.

Pacientes obrigados a comprar medicamentos e materiais

Também faltam medicamentos e o problema não é novo. Há muito que se sabe que a maior parte dos serviços de saúde em Angola não têm fármacos, nem seringas, luvas, compressas ou adesivos. Os pacientes são obrigados a comprar medicamentos e materiais nas farmácias.

Estima-se que, neste momento, só no Hospital Pediátrico David Bernardino, morram 15 crianças por dia. O hospital atende, de segunda a domingo, uma média de 500 pacientes por dia com várias doenças, sobretudo malária.

Uma enfermeira, que não se identificou, conta que nunca viu nada assim e que continuam a chegar novos casos diariamente. Já o médico Luís Bernardino conta que, para além de faltarem medicamentos, há cinco anos que o hospital não recebe novos profissionais.

“Este hospital está com dificuldades, aliás, como todos sabem, estamos a receber menos de 50% dos bens de serviço desde o ano passado. Há meses em que não recebemos nada e não recrutamos enfermeiros há cinco anos”, revela o profissional de saúde.

o governador da província de Luanda, Higino Carneiro, apelou a um maior empenho dos profissionais de saúde: “Sabemos que por força da Lei Geral do Trabalho, devem trabalhar apenas 30 horas por semana. Então, mas vamos deixar morrer as pessoas porque a lei nos impõe que devemos trabalhar apenas duas vezes por semana?”.

Entretanto, o maior partido da oposição em Angola, a UNITA, exigiu ao Presidente José Eduardo dos Santos que declare o estado de calamidade nacional face à crise no setor da saúde.

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