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O Governo dos Estados Unidos incluiu Hamza Bin Laden na sua lista de terroristas devido à suposta liderança ativa na Al-Qaeda, fundada pelo seu pai, Osama Bin Laden.

O Departamento de Estado norte-americano está a alertar a comunidade internacional para o facto de Hamza Bin Laden “participar de forma ativa no terrorismo”.

Os Estados Unidos decidiram classificar Hamza como “terrorista global especialmente designado”, o que significa que, para o Governo norte-americano, Hamza ameaça a segurança nacional ou a segurança dos cidadãos americanos.

Esta designação impede ainda Hamza de estabelecer qualquer acordo comercial com empresas americanas ou ter alguma propriedade em solo americano.

Saad Bin Laden, meio-irmão de Hamza, já aparecia nesta lista negra.

Carisma e popularidade

Desde que Osama Bin Laden, líder da organização, foi morto pelas forças especiais norte-americanas em Abbottabad, no Paquistão, em 2011, a Al-Qaeda parece ter perdido alguma da sua influência e até estar na sombra do Estado Islâmico.

Apesar disso, analistas afirmam que o grupo extremista não está menos perigoso. Segundo Fawaz Gerges, Hamza tem todas as hipóteses de se transformar no novo líder do grupo.

Nos últimos anos, a Al-Qaeda tem sido liderada pelo egípcio Ayman al Zawahiri, com uma abordagem mais pragmática.

A sua estratégia concentrou-se em conseguir mais apoio local, com o objetivo de ser um grupo “muito mais duradouro” do que o Daesh, explicou à BBC Charles Lister, membro do Middle East Institute, centro de estudos localizado nos Estados Unidos. Mas, com a liderança do filho de Osama, o grupo poderá ter muito mais sucesso.

“A Al-Qaeda está desesperada para ter uma nova imagem, principalmente se tivermos em conta a ascensão do Estado Islâmico nos últimos anos e a sombra que provocou na Al-Qaeda”, afirmou Gerges.

Hamza Bin Laden é a nova cara da Al-Qaeda. É carismático e muito popular entre os soldados”, explicou o académico, acrescentando que sempre foi o “filho favorito de Osama”.

De acordo com o investigador, já se comentava a possibilidade de Hamza suceder ao pai, já que, apesar de ser jovem, o filho de Bin Laden tem experiência na organização.

Hamid Mir / Wikimedia

Ayman al-Zawahiri, atual líder da Al-Qaeda, com Osama Bin Laden

Ayman al-Zawahiri, atual líder da Al-Qaeda, com Osama Bin Laden

Desde 2001

A Al-Qaeda já divulgou várias mensagens de Hamza e a sua primeira aparição pública aconteceu em 2001. Na altura, tinha apenas dez anos e foi visto num vídeo que mostrava os destroços de um helicóptero americano caído na província de Ghazni, no Afeganistão.

Desde então, começou a pregar o assassinato de “infiéis” e a usar um uniforme militar.
Um vídeo divulgado em 2005, chamado “O Mujahedin do Waziristão”, mostrava Hamza a participar num ataque da Al-Qaeda contra forças de segurança paquistanesas na região montanhosa da fronteira com o Afeganistão.

Nos anos seguintes, publicou poemas sobre as proezas militares da Al-Qaeda, instigando os militantes a “acelerar a destruição dos EUA, Grã-Bretanha, França e Dinamarca“.

O filho de Bin Laden tem hoje cerca de 25 anos.

Guerra de duas frentes

A primeira mensagem com a voz de Hamza foi divulgada em 2015, na qual pregava a violência contra os Estados Unidos e os seus aliados, com uma convocação à jihad (“guerra santa”) aos combatentes do grupo em Bagdad, Cabul e Gaza, tendo como “alvos” Washington, Londres, Paris ou Tel Aviv.

Meses depois, em maio de 2016, Hamza divulgou mais uma mensagem a convocar a intifada e na qual falava da “libertação” de Jerusalém e da “revolução” na Síria. Em julho, disse que ia vingar a morte do seu pai num discurso com mais de vinte minutos.

E, na sua última mensagem, Hamza fala sobre convocar jovens sauditas para que “derrubem” a monarquia do seu país e se juntem à Al-Qaeda da Península Arábica, que opera principalmente no Iêmen.

Essa convocatória contra a Arábia Saudita, segundo Gerges, pode significar uma possível mudança de estratégia do grupo terrorista, que antes se concentrava apenas em inimigos mais distantes no Ocidente.

“O que Hamza pretende dizer é que o Daesh não é o único grupo que declara guerra aos governos da Arábia Saudita, Síria e Iraque; eles também participam nisso”, explica.

O problema, de acordo com o especialista, é que agora as potências ocidentais enfrentam uma guerra em duas frentes: “uma frente contra o Estado Islâmico no Iraque, Síria e Líbia e outra contra a Al-Qaeda no Afeganistão, Paquistão, Iêmen e outros cenários”.

ZAP // BBC

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