O coordenador do Bloco de Esquerda (BE) João Semedo acusou, na sexta-feira, o Governo de “estar sempre a congratular-se com os maus resultados que os portugueses sentem no bolso”, quando afinal os indicadores económicos “pioram”.
“O PSD anda a congratular-se há dois anos e, de trimestre em trimestre, os indicadores não melhoram, pelo contrário pioram”, criticou.
O país precisava de “uma economia a crescer, forte, saudável”, mas isso “não é compatível com as políticas de austeridade”, algo que o Governo “ainda não compreendeu, apesar de estar sempre a congratular-se com os maus resultados que os portugueses sentem no seu bolso”, frisou.
O coordenador do BE falava à agência Lusa em Vila Nova de Milfontes, Odemira (Beja), na sexta-feira à noite, à margem de uma sessão autárquica, comentando os mais recentes indicadores económicos do país.
A Direção-Geral do Orçamento (DGO) divulgou, na sexta-feira, a síntese de execução orçamental até julho, tendo, no dia anterior, sido conhecidos os dados preliminares do Boletim Estatístico do Banco de Portugal.
Segundo João Semedo, “o indicador mais importante conhecido esta semana foi o agravamento da dívida pública”, que “ultrapassou os 130% do Produto Interno Bruto (PIB)”.
“Significa que a dívida pública, em vez de diminuir, está a aumentar dois mil milhões de euros por cada mês e, no primeiro semestre, aumentou 12 mil milhões”, disse.
Por isso, “todos os sacrifícios que os portugueses estão a fazer são inúteis”, porque “não conseguem equilibrar as contas públicas, como aliás hoje os indicadores conhecidos revelam, e também não conseguem pagar a dívida”, argumentou.
João Semedo destacou que “a dívida não para de crescer e esse é o principal sinal de uma economia que estagnou, de uma economia colapsada, porque a austeridade mata a economia”.
Aludindo a notícias que dão conta de que os resultados das 8.ª e 9.ª avaliações da “troika” poderão ser conhecidos apenas após as autárquicas de 29 de setembro, apesar de não ser conhecida qualquer decisão oficial, o líder bloquista também acusou o Governo.
A coligação, criticou, quer “enganar os portugueses”, para que “os eleitores vão votar no desconhecimento daquilo que vai ser o seu futuro”, ou seja, sem saberem “as maldades, as perversidades, as maiores dificuldades que vão ser agora impostas com o próximo orçamento”.
A síntese de execução orçamental até julho mostra que o défice da Administração Central registou uma melhoria de 486,2 milhões de euros face ao mesmo período de 2012, excluindo as operações extraordinárias registadas até julho de 2012.
Os dados indicam também que o saldo da Administração Central situou-se nos -5.520 milhões de euros, o que compara com um défice de 3.384,5 milhões verificado no mesmo período de 2012, ou seja, uma deterioração superior a dois mil milhões de euros.
Ainda de acordo com a DGO, o Estado arrecadou mais de 19 mil milhões de euros em impostos até julho deste ano, um aumento de 7,6% face ao mesmo período de 2012 e acima da estimativa do Orçamento Retificativo.
Já na quinta-feira tinham sido relevados os dados preliminares do Boletim Estatístico do Banco de Portugal, segundo os quais a dívida das administrações públicas, na ótica de Maastricht, superou os 130% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, para os 214.573 milhões de euros.
LUSA
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