foto: Miguel A. Lopes / LUSA
Haverá utentes que serão apagados das listas dos centros de saúde por terem um ou outro dado omisso na ficha. “É como se houvesse uma limpeza, entre aspas, artificial, um apagão dos utentes, onde, depois, são metidos outros”.
Neste momento há em Portugal mais de um milhão e 700 mil utentes sem médico de família e há meses que o Governo tem o objetivo de reduzir esse número em 300 mil. No entanto, para que tal aconteça, o Executivo vai recorrer a um “truque” encarado como “inaceitável” pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam).
Haverá utentes que serão apagados das listas dos centros de saúde para dar lugar a outros — tudo com base no preenchimento de dados, alerta a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá.
“A cada utente corresponde um ficheiro onde se exige uma série de dados. Quem não tiver isso totalmente preenchido é como se fosse eliminado da lista”, denuncia, citada pela Renascença.
Os centros de saúde estão a contactar milhares de utentes para completarem os seus dados no Registo Nacional de Utentes (RNU). Quem não atualizar aqueles dados até o dia 31 passará para um registo transitório durante 90 dias e fica depois inativo, perdendo o médico de família em ambos os casos.
“Isto é absolutamente inaceitável porque, no fundo, as pessoas existem, aliás, são famílias, às vezes, que são seguidas pelo mesmo médico de família e isto é como se houvesse uma limpeza, entre aspas, artificial, um apagão dos utentes, onde, depois, são metidos outros”, explica a presidente, sublinhando que por terem um simples dado omisso na ficha, os utentes podem perder acesso ao cuidado de saúde.
Estes utentes “continuam a existir e deviam continuar a ter o seu médico de família”, queixa-se Bordalo e Sá.
“Ninguém sai da lista sem ser contactado”
Em meados de dezembro, na tentativa de descansar os portugueses, o ministro da Saúde garantiu que “ninguém será excluído de nenhuma lista” ou perderá o seu médico de família “sem ser contactado antes”, e anunciou que estão a ser “estabelecidos mecanismos” para controlar o turismo de saúde.
“O sistema está a funcionar bem”, afirmou o Manuel Pizarro.
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