foto: António Cotrim / Lusa
Esta terça-feira, Pedro Nuno Santos criticou a máquinas finanças pelo “desalento” que levou com que Nuno Freitas, presidente da CP, se demitisse antes do fim do mandato.
O ministro das Infraestruturas atacou diretamente a posição de João Leão, ministro das Finanças, perante a situação, porém sem nunca trazer o seu nome à tona: se “a dívida histórica da CP” ou “as autorizações para compras fundamentais ao funcionamento” da empresa dependessem de si, o assunto “estava resolvido”.
Em resposta aos jornalistas, explicou que se dependesse de si “tínhamos um plano de atividades e orçamento aprovado em tempo e a empresa não esperava meses para conseguir uma autorização para fazer as compras que são fundamentais para o seu funcionamento. Não tínhamos uma dívida histórica com a dimensão que a CP tem sem a resolver”, cita o Público.
De recordar que no dia de ontem, Nuno Freitas demitiu-se das suas funções como presidente da CP queixando-se das dificuldades impostas pela burocracia na gestão pública “que acabam por dificultar o trabalho, impedindo que o mesmo se faça de forma eficiente e eficaz”.
Neste sentido, Pedro Nuno elogiou todo o trabalho executado pelo gestor nos últimos quatro anos, dizendo ainda perceber as razões que o levaram a abandonar o cargo.
“É muito difícil pedirmos a um grande gestor, um homem sério, com capacidade de trabalho e realização, que fique muito tempo numa empresa que não consegue ter um plano de atividades e orçamento aprovado, que tem uma dívida histórica gigantesca e que não pode ser saneada, retirando capacidade e autonomia de gestão à empresa. É absolutamente compreensível o desalento do presidente da CP”, referiu o governante.
Na perspetiva de Pedro Nuno, a saída de Nuno Freitas será má para o Estado.
“Nós perdemos hoje o melhor presidente que a CP já teve em toda a sua história. O engenheiro Nuno Freitas estava a liderar uma revolução na CP, a fazer um trabalho extraordinário, a permitir que o Estado poupasse milhões de euros com a recuperação de material que nós estávamos a fazer”, destacou o ministro.
Há cerca de duas semanas, Pedro Nuno Santos já tinha referido, em declarações aos jornalistas à margem da Train Summit, no Porto, que a situação da CP não estava fácil, recorda o Diário de Notícias.
“Estamos a trabalhar com o Ministério das Finanças para conseguirmos encontrar um nível de dívida aceitável para uma empresa como a CP”, dizia o ministro das Infraestruturas, acrescentando, ainda sobre a dívida histórica da empresa, 2,1 mil milhões de euros: “Espero, agora, que no quadro do Orçamento para 2022 nós possamos ter novidades sobre isso”.
Pedro Nuno Santos frisou que seria “com esse espírito que estamos a trabalhar com o Ministério das Finanças”.
No entanto, o trabalho com a pasta das finanças ou não resultou em nada ou então em muito menos do que o ministro pretenderia. E assim, o presidente da CP resolveu demitir-se ontem – três meses antes do prazo previsto.
Ainda assim, deixou uma promessa: “Trabalhamos todos os dias, eu trabalho todos os dias, para conseguir que a CP possa funcionar como uma empresa a sério, e não um departamento da Administração Pública. Esse é o trabalho de todos os dias. É um trabalho duro, é um trabalho difícil, mas eu faço-o“, sublinhou
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