Há mais de 20 mil vagas de emprego que ninguém quer. Cerca de metade são relativas a atividades imobiliárias e administrativas, alojamento e restauração, e construção.
Em julho, havia 23.236 empregos disponíveis que ninguém quer. Este é o número mais alto de ofertas acumuladas no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) desde 2017.
Cerca de metade destes dizem respeito a apenas três setores: atividades imobiliárias e administrativas, alojamento e restauração, e construção, escreve o Jornal de Notícias.
Desde janeiro deste ano, o número de ofertas por preencher praticamente duplicou, passando de 10.735 para 23.236. Este aumento não é sazonal devido ao verão, uma vez que no ano passado o valor fixou-se nas 12.705 vagas.
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que acumula mais ofertas sem candidato (7.434). Seguem-se 5.819 vagas no Centro, 4.824 no Norte, 3.565 no Alentejo, 1.026 no Algarve e 568 nas regiões autónomas.
Tanto em Lisboa e Vale do Tejo como no Norte a maior procura é por profissionais da construção, realça o JN. No Centro e no Alentejo, as atividades imobiliárias são as mais procuradas, enquanto no Algarve é o alojamento e restauração.
“Por causa das medidas de apoio da pandemia, a exigência para a manutenção do subsídio de desemprego é menor, e em empregos em que os salários do mercado são muito próximos do valor do subsídio, aí há claramente um incentivo a não haver uma procura tão forte”, explica João Cerejeira, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho.
As restrições à mobilidade internacional ocorridas em pandemia também foram decisivas para adensar o fenómeno.
Em contrapartida, dados da Fundação José Neves, mostram que os dois confinamentos obrigatórios em Portugal levaram a uma quebra nas ofertas de emprego. As ofertas de abril do ano passado correspondiam a apenas 40% das de janeiro de 2020.
No entanto, realça o jornal ECO, se em abril há quebra de ofertas de emprego para carteiros ou trabalhadores de limpeza, a procura por engenheiros eletrónicos ou técnicos de gás aumentou cinco vezes relativamente ao ano anterior.
A queda não foi uniforme em todas as áreas, tendo sido mais acentuada (superior a 80%) em profissões pouco qualificadas e relacionadas sobretudo com o setor dos serviços.
Enfermeiro; especialista em relações públicas; diretora das indústrias transformadoras; engenheiro industrial e de produção; engenheiro biomédico, de engenhos explosivos, de salvamento marítimo, de materiais, ótico e de segurança; engenheiro eletrotécnico; e técnico de gás, técnico de produção, agente de métodos e técnico de robótica foram as profissões com maior aumento de procura, superior a 40%.
Daniel Costa, ZAP //