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Opinião Global**Por Tomás Rosa**05/01/2013
tomas_rosa8@hotmail.com

Trago-vos hoje uma apreciação desenvolvida com base nos dados avançados pelo jornal Público a 3 de Janeiro de 2013: 483 mil pessoas em Portugal estão sem emprego desde há um ano.

Ao lermos tal tragédia, é impossível não começamos a questionar seriamente a nossa situação. Com a palavra emigrar nas bocas do Mundo – e do nosso Primeiro Ministro que nos fala até pelo Facebook, olhamos à volta e tentamos perceber qual o nosso espaço no nosso país, na nossa nação.

Assim, entrando numa escala hierárquica, a verdade é que os jovens terminam o ensino secundário e têm três opções: saem para o mercado de trabalho com o 12º ano e tentam encontrar um emprego; ou se candidatam à universidade para garantir um maior conhecimento e especialização na área que gostam (cada vez menos o podem fazer por questões monetárias) ou pura e simplesmente se deixam levar pela maré e acabam de braços cruzados e amargurados  em casa.

Aprofundando o raciocínio, podemos pensar que um desses jovens  consegue um emprego aparentemente estável e se junta com a namorada, saíndo de casa dos pais por sentir que está na altura ideal da sua vida para o fazer.

Quem sabe, ao fim de algum tempo, pensarão  ter um filho. Com certeza que com a concrteização desse desejo, dessa dádiva, colocarão em risco os seus hábitos e nível de vida, em suma, a estabilidade financeira, até porque as ajudas e apoios do Estado são cada vez menos visíveis.

Esse receio faz com que as decisões não sejam tomadas favoravelemte e, com o atenuar da crise, cada vez mais tarde os filhos saem de casa dos pais e constroem a “sua família”. E alguns voltam porque não conseguem pagar a casa e as contas, mesmo trabalhando. Este é pois um retrocesso incrível e uma das provas que o dinheiro é o centro das nossas vidas.

De facto, a nossa natalidade num panorama como o que vivemos  só pode ser baixa e Portugal está com um índice de envelhecimento enorme, porque sustentar uma casa hoje em dia é um grande desafio para a maioria da população e nem todos conseguem abarcar nessa aventura, sendo o incentivo à natalidade mera ilusão, se é que o chega a ser.

Com efeito, e voltando atrás neste ciclo, começa-se a sentir uma desmotivação por parte dos jovens que decidem ir trabalhar e abandonar os estudos mas não encontram sustento longe dos pais; e por parte de quem termina o ensino superior e se vê obrigado a sair do país.

E emigrar sendo neste momento quase inevitável é um acto de abandono. E, ainda para mais quando se trata do país onde vivemos, a questão é mais complicada, por maior que seja o desprendimento e a vontade de ir e não olhar para trás.

Vejamos que além da adaptação, ficar longe das nossas raízes e tentar colocá-las numa nova realidade é extremamente difícil e frustrante.

Quer queiramos quer não, viver numa sociedade de consumo onde o capitalismo ordena requer a obtenção de ganhos capazes de satisfazer a economia e, nos tempos que correm, tem sido uma luta tremenda para as famílias portuguesas ver os filhos ou os pais partir porque já não têm espaço no seu país.

O impacto deste fenómeno social é gritante, e a tendência é aumentar neste novo ano. Mas grande parte do trajecto deste ciclo depende da nossa atitude e afirmação, sem descurar todo o esforço inerente.

Bom… mas se os nossos talentos têm de ir, quem ficará?

TR

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