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O país viu esta semana partir uma figura incontornável do cinema português, que viveu a par com o tempo a luta pela eternidade, conseguida pela sua obra.

Manoel de Oliveira, 106 anos, morreu dia 2 de abril, na sua casa da Foz, na cidade que o viu nascer. Tanto quanto se sabe o seu desejo, filmar até morrer, foi mesmo cumprido, uma vez que ainda há 15 dias teria realizado as suas últimas filmagens. De fala fácil, olhar apaixonado pelo cinema, uma vasta cultura e ideias muito próprias, Manoel de Oliveira nem sempre foi reconhecido no seu país pelo trabalho que desenvolveu. A sua visão única e irrepetível, visível na construção de cada filme levou o seu nome além-fronteiras, quando o seu país não quis ver o talento.

As décadas dedicadas ao trabalho criaram admiradores e críticos, como aliás é normal em toda a forma de arte que marca a diferença e que é fruto de um trabalho que nasce da vocação e não apenas do conhecimento técnico ou apreendido.

O “Mestre” realizou ao longo de décadas de trabalho, cerca de 40 filmes dos quais salientamos Aniki Bobó, o Passado e o Presente, o Velho do Restelo, o Estanho caso de Angélica, Singularidades de uma Rapariga Loura, Belle Toujours e muitos outros.

O seu percurso foi marcado por diversos prémios que reconheceram o seu trabalho e a sua personalidade, tendo sido homenageado em 2012 na Assembleia da Republica. Em 1994 ganhou o Prêmio David di Donatello – Prêmio Luchino Viscont e em 1997 o European Film Award Prêmio Revelação – Fipresci com o filme “Viagem ao Principio do Mundo”. Já em 2004 foi agraciado com o prémio  Carreira Leão de Ouro, no Festival de Cinema de Veneza e no mesmo ano, recebeu Prémio Carreira no Festival Internacional de Berlim, em 2005 foi distinguido no Festival de Cinema de Chicago, em 2006 o prémio Especial Carreira no Fantasporto e em 2008 foi Palma de Ouro, prémio maior, no Festival de Cannes, entre muitos outros reconhecimentos.

Parte para o descanso o homem que não tinha medo da morte, por a encarrar como o descanso do corpo, certamente com o sentimento de “missão cumprida”, fica a memória dos que o amavam e seguia o seu percurso. Até sempre Manoel.

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