O socialista e ex-candidato presidencial Manuel Alegre considerou hoje eticamente “uma vergonha” que Franquelim Alves tenha sido indicado e empossado secretário de Estado, devido à passagem deste pelo grupo SLN/BPN.
“Eu acho que, do ponto de vista da ética política e da ética da responsabilidade, é uma vergonha”, declarou Manuel Alegre à agência Lusa, à entrada para uma conferência promovida pelo movimento cívico “Não Apaguem a Memória”, no café Vá-Vá, em Lisboa.
“Não é uma ilegalidade, uma vez que ele não é arguido, nem está condenado, mas é uma questão de ética pública. Acho que não devia ter sido indicado e não devia ter sido empossado”, acrescentou o antigo deputado e vice-presidente da Assembleia da República.
Segundo Manuel Alegre, “pelo menos, o Presidente da República devia ter aconselhado o primeiro-ministro a não o indicar”.
O histórico militante socialista escusou-se a falar sobre a atual situação interna do PS.
Na sexta-feira, o Presidente da República, Cavaco Silva, deu posse a Franquelim Alves como secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, cargo que anteriormente ocupado por Carlos Nuno Oliveira, numa cerimónia no Palácio de Belém, em que foram empossados outros seis secretários de Estado indicados pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
O novo secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação mostrou-se na sexta-feira “perfeitamente tranquilo” com a entrada no Executivo, definindo como uma “falsa questão” as dúvidas sobre a sua passagem pelo grupo SLN/BPN.
“Houve sempre dois fatores determinantes que pautaram a minha conduta e nunca foram postos de lado: o rigor e a exigência”, disse Franquelim Alves à agência Lusa, em declarações feitas depois de ter tomado posse numa cerimónia no Palácio de Belém.
O novo secretário de Estado lembra que foi administrador da SLN/BPN (Sociedade Lusa de Negócios/Banco Português de Negócios) “com o objetivo de tentar recuperar a área não financeira do grupo” e que nessa passagem seguiu “a mesma atitude e comportamento” com que tem pautado os seus “43 anos de vida profissional”: “Estou perfeitamente tranquilo”, declarou.
O deputado do PCP Honório Novo tinha apelado, na Assembleia da República, para que o Presidente da República não desse posse a Franquelim Alves.
Honório Novo alegou que, “durante a primeira comissão parlamentar de inquérito sobre o BPN, ficou patente que Franquelim Alves conhecia no princípio de 2008 tudo o que dizia respeito ao Banco Insular”, incluindo “um volume significativo de imparidades e de atos irregulares de gestão no grupo SLN/BPN”, não os tendo comunicado ao Banco de Portugal,” como ele próprio reconheceu publicamente”.
“Por isso, o PCP considera que uma pessoa desta natureza e com este currículo – um currículo, aliás, que Franquelim Alves omite na sua folha oficial de apresentação do seu passado – dificilmente poderá ser indigitado como secretário de Estado de um Governo do nosso país”, afirmou o deputado comunista.
NOTICIA AGÊNCIA LUSA