O tempo em que ter uma formação académica era garantia de emprego e de estabilidade, já não existe. A época em que a mesma instituição nos dava emprego pela vida fora desvaneceu.
De um modo rápido e inesperado a vida muda, a sociedade transforma-se, as regras alteram-se a meio de jogo e somos convidados a largar a nossa zona de conforto.
Esta tem uma delimitação física bem definida para nós e talvez indiferente aos que nos rodeiam. Nesta zona de conforto, sentimo-nos seguros, sabemos como reagir a cada acontecimento anteriormente previsto e esperado, temos uma falsa ideia de que controlamos tudo o que lá se passa. Uma ideia ilusória porque efetivamente o controlo exagerado da vida leva-nos à sobrevivência e não à evolução. Quantas vezes, esta zona de conforto é um lugar de angústia e tristeza, um local de conformação e abandono de sonhos, mas a falsa segurança e o medo de arriscar mantem-nos por lá.
É como se cada um de nós vive-se numa ilha delimitada pelo mar! Do pedaço de terra calcorreado vezes sem conta consegue-se observar o mar belo e desconhecido, sente-se o cheiro resultante da mistura de maresia, sonho e aventura. No entanto, fica-se imobilizado pelo medo de ser quem queremos ser, pelo medo de falhar. Afinal o que é falhar, se não a oportunidade de aprender?
As delimitações desta ilha não são apenas físicas mas também psicológicas, talvez estas as menos fáceis de quebrar. Regemos toda a nossa existência por crenças de infância, transmitidas de geração em geração, no seio familiar e na sociedade em que crescemos. Estas impedem-nos de avançar. Nesse mar tão belo, vislumbra-se figurativamente o que realmente temos potencial de ser.
Ficamos na ilha ou aventuramo-nos pelo mar? Em tempos passados, esta seria uma escolha individual, todavia as alterações profissionais, pessoais e social que de forma célere mudam a vida, obrigam aqueles que estão enraizados na sua ilha a saírem.
Os que já a abandonaram, passaram a conhecer melhor as suas capacidades, a crescer em auto confiança e a descobrir tesouros inimaginável. Os que são “atirados” ao mar, depois de perceberem que afinal viver é desafiar e aventurar-se no desconhecido, agradecem o impulso.
Fica ou avança? Agarra-se a ilha ou aventura-se pelo mar?
Por Mara Pereira - iPressGlobal mara.pereira@ipressglobal.com