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foto: PsyCat Games

Os adultos são mais rígidos com as crianças que dizem a verdade e são sinceras, do que com as que dizem pequenas mentiras, de acordo com uma investigação publicada a 11 de outubro na revista Journal of Moral Education.

Quando uma criança diz “Não quero este presente. Não gosto dele”, em frente à pessoa que o ofereceu, por exemplo, é mais fácil um adulto ralhar com ela, do que se mentisse e fingisse gostar, para ser mais bem educada.

Os adultos que participaram no estudo liderado por duas investigadoras norte-americanas admitiram que recompensam mais as crianças que dizem pequenas mentiras desse género para serem educadas do que as que são absolutamente diretos ou os que mentem para proteger alguém.

A atitude dos adultos ao longo da infância das crianças vai depois condicionar os comportamentos sociais que elas terão no futuro, realça o Observador.

“O estudo ilustra o grau de inconsistência dos adultos nas forma como avaliam e reagem perante crianças de diferentes idades que mentem ou dizem a verdade”, sublinham as duas investigadoras.

A investigação contou com a participação de 267 adultos, dos quais 142 eram pais, e 171 alunos de uma escola pública. As investigadoras mostraram vídeos de crianças a mentir ou a dizer a verdade, de forma direta ou de forma suave, e para protegerem alguém ou serem apenas educadas.

Depois, pediram aos participantes para avaliarem os comportamentos como se fossem os pais das crianças que apareciam nos vídeos.

A verdade é que os adultos mentem constantemente, quer seja para benefício próprio ou para prejuízo dos outros. Por vezes, mentem para facilitar interações pessoais ou para se protegerem a si ou aos outros — mentiras piedosas e socialmente aceites,

Antes de atingirem esta fase, onde se torna quase socialmente aceitável mentir, as crianças têm de enfrentar a dualidade de critérios impostos pelos adultos.

Apesar de desenvolverem a capacidade de mentir cedo, os adultos ralham constantemente com os mais novos quando eles mentem. No entanto, quando são brutalmente honestos, acabam também por ser repreendidos ao  não terem uma atitude “socialmente aceitável“.

“Dado o impacto generalizado que as influências na socialização têm sobre o comportamento das crianças, assim como as mensagens confusas que as crianças recebem sobre dizer mentiras, não é de admirar que comecem a contar pequenas mentiras desde tenra idade”, realçam as duas investigadoras.

A atitude dos adultos muda consoante a idade das crianças, se é dita uma verdade dura, uma mentira flagrante ou algo intermédio. Também depende do contexto em que foi dita: quem está a mentir a quem, com que benefício e porquê.

“Esta investigação mostra que existe uma relação complicada com a verdade, que as crianças têm de navegar para aprender o que é socialmente aceitável”, sublinhou Laure Brimbal, investigadora na Escola de Justiça Criminal e Criminologia na Universidade do Estado do Texas.

A atitude dos adultos perante o comportamento de crianças vai sempre condicionar o desenvolvimento social dos mais novos e a forma como vão mentir (ou não) no futuro.

É por esse mesmo motivo que as investigadoras pretendem aprofundar a investigação e avaliar situações mais realistas e ao vivo.

“A investigação futura deve examinar a influência bidireccional dos pais, de outros adultos e de crianças em situações ao vivo em que as crianças fazem declarações subtis e contundentes, honestas ou não”, notam Brimbal e Crossman, investigadora na Faculdade de Justiça Criminal da Universidade da Cidade de Nova Iorque.

   ZAP //

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