Presidente da ARS de Lisboa e administradores do hospital demitiram-se, após morte de jovem por falta de assistência médica.
A notícia de que um jovem de 29 anos faleceu, após ter sido transferido para o Hospital de São José, por necessitar de um operação urgente devido a uma hemorragia cerebral causada por um aneurisma, levou à demissão em bloco do Presidente da ARS e dos administradores do hospital.
O facto desta situação se ter passado no fim-de-semana, e de não existir equipa de neurocirurgia no hospital nessa altura da semana, devido a desentendimento relativo a pagamento de honorário, levou a que a indignação dos familiares e dos utentes em geral se manifesta-se de diversas formas. Uma realidade que o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) confirmou ao afirmar que “a prevenção aos fins-de-semana da Neurocirurgia-Vascular está suspensa desde Abril de 2014 e a da Neurorradiologia de Intervenção desde 2013” lamentando a morte ocorrida. Segundo o centro hospitalar, a prevenção é feita em “regime voluntário” e “existiu indisponibilidade por parte de alguns profissionais para a fazer, o que se deve às alterações dos regimes remuneratórios. Alguns daqueles profissionais rejeitaram os valores atualmente propostos para o pagamento dessas horas de prevenção, o que inviabiliza o indispensável trabalho da equipa”.
Segundo Luís Cunha Ribeiro, os cortes na área da saúde levaram a que os hospitais não tivessem “a possibilidade de ter recursos humanos para dar resposta a situações de doentes como este”, garantindo igualmente que a ARS de Lisboa já encontrou, em parceria com a tutela, uma solução para esta situação em falha.
Por seu lado, o presidente da Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, lamenta o sucedido com este jovem, estando consciente que a solução agora encontrada não desculpa o que aconteceu a David Duarte, no entanto, esta rápida resposta revela “a vitalidade do Serviço Nacional de Saúde, a sua capacidade de resposta e a sua capacidade de se adaptar”.
Aguarda-se agora o resultado do inquérito levantado pelo Ministério da Saúde que solicitou à Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS) a abertura de um processo de inquérito no sentido de apurar eventuais responsabilidades.