Milhares de mulheres iranianas juntaram-se numa campanha online, através da rede social Facebook, a defender maiores liberdades sociais, publicando fotografias com a cabeça destapada, ou seja, sem a indumentária islâmica, obrigatória em público.
Mais de 150 mil pessoas apoiam a página no Facebook – “Stealthy Freedoms of Iranian Women” (“Liberdades Escondidas de Mulheres Iranianas”) –, criada há 10 dias, com o objetivo de suscitar o debate sobre se as mulheres devem ter o direito de escolher se querem usar o ‘hijab’ (indumentária preconizada pela doutrina islâmica).
Na rede social, mais de cem mulheres já publicaram imagens suas com a cabeça à mostra, algumas indicando que o seu sonho é sentir o vento nos cabelos e que foram os próprios maridos que tiraram as fotografias.
As autoridades islâmicas, que receiam que o estilo de vida ocidentalizado ameace os valores islâmicos, ainda não reagiram oficialmente a este movimento.
No Irão, onde o ‘hijab’ é obrigatório, as mulheres usam a cabeça e parte do corpo cobertos com lenços largos, mas a cara destapada. O seu uso resulta de uma interpretação do Irão da ‘sharia’, a lei islâmica, desde a revolução de 1979.
“Isto sou eu a cometer um crime”, escreve uma rapariga, que publicou uma imagem sua sentada numa estrada no norte do Irão, com o lenço pousado sobre o ombro, acrescentando: “Às escondidas, mas em paz absoluta”.
Outra foto mostra uma avó, uma mãe e uma filha juntas num passeio.
“Em uma imagem, três gerações agarram a liberdade numa esquina desta rua”, lê-se na legenda, que afirma ainda esperança de que “chegue o dia em que a próxima geração possa exercer este direito tão básico, antes que os seus cabelos fiquem cinzentos”.
Há mais de uma década que este tema tem sido alvo de forte oposição entre as autoridades conservadoras e mulheres que procuram abolir esta regra.
A polícia moral tem vindo a multar, fazer avisos verbais ou mesmo deter mulheres que considera que não observam as regras adequadamente.
A unidade terá recebido ordens para se conter desde que o presidente, Hassan Rouhani, que se declara moderado, assumiu funções em Agosto, prometendo maiores liberdades sociais.
No entanto, os mais conservadores do regime opõem-se a qualquer abrandamento das regras.