FOTO : Dan Price / Facebook
O empresário norte-americano decidiu, em 2015, que todos os seus funcionários ganhariam um salário mínimo de 70 mil dólares por ano. Cinco anos depois, não está arrependido da decisão.
De acordo com a BBC, Dan Price andava a passear com uma amiga, em 2015, quando teve uma espécie de revelação. Valerie contava-lhe que a sua vida estava um caos, não só por lhe terem subido a renda da casa, mas também pela dificuldade em pagar as contas.
Price ficou furioso. A amiga esteve 11 anos no Exército, fez duas missões no Iraque e estava a trabalhar 50 horas por semana, em dois empregos diferentes, para conseguir sobreviver. Os cerca de 40 mil dólares que ganhava por ano, em Seattle, não chegavam.
Apesar da revolta com o facto de o mundo se ter tornado um lugar tão desigual, Price apercebeu-se que também ele fazia parte deste problema. Aos 31 anos, era milionário. A sua empresa, a Gravity Payments, tinha cerca de dois mil clientes e valia milhões de dólares.
O empresário, que ganhava cerca de 1,1 milhões, percebeu que muitos dos seus funcionários deviam estar a passar pela mesma situação da amiga. E, então, nesse ano, decidiu mudar.
Price baixou o seu salário, hipotecou as duas casas, pôs de lado as suas poupanças e decidiu que todos os 120 funcionários ganhariam um mínimo de 70 mil dólares, cerca de 63 mil euros. Cinco anos depois, os valores mantêm-se e o empreendedor diz que a aposta valeu a pena.
Desde que alterou os salários dos seus trabalhadores, Price diz que a Gravity se transformou. O número de funcionários duplicou e o valor dos pagamentos que a empresa fatura passou de 3,8 mil milhões de dólares por ano para 10,2 mil milhões.
Esta medida também teve impacto na natalidade. O empresário recorda que, antes desta mudança, havia entre zero a dois bebés nascidos por ano entre a equipa. “Agora, já tivemos mais de 40 bebés”, conta.
Além disso, mais de 10% dos trabalhadores já conseguiu comprar a sua própria casa, quando antes apenas 1% o conseguia. A quantidade de dinheiro que os funcionários colocam nos seus próprios fundos de pensão mais do que duplicou e 70% dos que trabalham na Gravity dizem ter pagado as suas dívidas.
“As pessoas estão a passar fome, a ser demitidas ou a ser exploradas para que alguém possa ter uma penthouse no topo de um arranha-céus em Nova Iorque. Estamos a glorificar a ganância na nossa sociedade, na nossa cultura. A lista da Forbes é o pior exemplo disso. Quem é que se importa com quem é que é mais ou menos rico?”, diz o empresário norte-americano, citado pela emissora britânica.
“Há testes todos os dias. Tenho a mesma idade que Mark Zuckerberg e, por vezes, tenho momentos negros em que penso que quero ser tão rico como ele e que quero competir com ele na lista da Forbes. Ou então estar na capa da Time, a fazer muito dinheiro. Todas essas coisas são tentadoras. Não é fácil recusar. Mas a minha vida é muito melhor”.
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