Longe vai o tempo em que o verão era uma estação de diversão, prazer, sol, férias e descanso. A primavera chegava e com ela, chegavam também os aromas inconfundíveis e típicos da aproximação do tempo mais ameno e agradável.
Com o fim da primavera, chegavam aqueles dias quentes, praia, praia, praia. Noites com temperaturas de apetecer ficar na rua até tarde com os amigos, beber aquela cerveja gelada ou até sorver aquele gelado. Verão era verão. Tempo quente, suor e até mesmo algum mau estar durante a noite quente, em que somente um duche de água fria poderia aliviar o tormento escaldante.
Com o calor, sempre chegaram os Incêndios e os incendiários, dificuldades e infernos de chamas que assolavam os guerreiros que apagavam os fogos, estes, sempre foram uma realidade. Triste mas sempre existente.
Depois de três meses de calor e folia chega, inevitavelmente, o frio. Primeiro o outono, para que o choque não seja muito grande. Logo após chegam os ventos, as chuvas e o frio. Aquele frio que até sabe bem quando se está com os pés bem quentes em frente à televisão, enquanto se ouve a chuva tocada a vento bater no estore, como se em fúria nos quisesse arrancar do conforto. Manhãs frias, chuvosas e de nuvens negras. Pés molhados e alma gelada. Nesses momentos, só existe uma coisa em mente – quem me dera que fosse verão, quem me dera estar na praia! Estes eram os dias e as rotinas do antigamente, daquela época em que se viviam os momentos mais duros ou mais agradáveis, eram os nossos dias.
Verão após verão, inverno após inverno. Crianças, adultos, mais novos ou mais velhos, sabiam com o que poderiam contar vindo da natureza, sem alertas amarelos, laranjas ou outro qualquer tipo de drama. Era assim, era isso.
Hoje vivemos num género de cápsula espacial, onde a natureza e o seu poder passou a ser visto como algo do outro mundo. Como se fosse anormal o calor intenso que faz durante os meses de verão, ou as chuvas fortes dos meses de inverno, assim como as inundações que daí advêm.
Os noticiários vibram com os alertas que em tom de tragédia anunciam ao público. Nada mais é normal ou natural. Vivemos numa época alarmista e regrada até por demais. A nossa sociedade está robotizada, sem ânimo e sem ideias próprias.
Com setembro chegam as folhas que caem das árvores, os dias mais frios e as tardes mais curtas.
Atenção: alerta-se com a cor que o leitor mais goste – o inverno chegará logo após o outono!