Dia 27 de junho de 2013 será uma data recordada pela greve geral organizada pelas duas maiores centrais sindicais de Portugal.
Será também alvo de lembrança o número de manifestantes detidos e constituídos arguidos, no total de 226 homens e mulheres que, neste dia, pacificamente quiseram mostrar o seu descontentamento, ou simplesmente participar e apoiar no protesto.
As pessoas que participaram na manifestação e que acabaram cercadas pela força musculada da PSP, foram acusadas de «atentado à segurança do transporte rodoviário» e, foi-lhes aplicada a medida de “termo de identidade e residência”, com obrigação de estarem presentes no dia seguinte no Campus de Justiça em Lisboa, pelas dez horas da manhã.
Na minha opinião, que vale o que vale e analisando um pouco mais ao pormenor a atitude da polícia, que prontamente foi apoiada pelo ministro que tutela esta força, foi sem dúvida um atentado à Democracia e um claro abuso de poder por parte de autoridades e governo.
O ridículo da situação é tão grande que se torna preocupante, quando em pleno século XXI, num país que se diz soberano e democrático, haja uma atuação deste género, digna de um qualquer Estado onde reine um qualquer regime ditatorial.
É sem dúvida triste constatar que uma relativamente jovem democracia – sim, porque tenho quarenta anos e não me considero nem velho nem com memória fraca – como estava dizendo, é desconcertante chegar à triste conclusão de que este modelo existente em Portugal se encontra precocemente envelhecido, desgastado e moribundo.
Não tendo falta de memória, conforme referi, não me recordo de tamanha barbaridade num mundo globalizado, em que os seus cidadãos tenham direito a fazer ouvir a sua voz. Nem sequer em manifestações de organização espontânea popular, como aconteceu no Brasil, em que num só dia, mais de um milhão de pessoas saíram à rua, entupindo avenidas inteiras, há registo de tantas detenções. As que foram registadas, foram devidas a atos de vandalismo gratuito e perfeitamente condenável.
Neste país, à beira-mar planado, de brandos costumes e que muito raramente alguma coisa se passa – e talvez seja esse o motivo – o sistema esforça-se por estrangular e oprimir a voz de um povo que teima em não acordar do marasmo coletivo, deixando-se levar por ondas de vontades mesquinhas e mentes excessivamente zelosas.
Não seria mais sensato e democrático formar uma barreira policial, ou dispersar a multidão, ou dialogar, mesmo que na forma tentada? Em pleno dia de greve geral, terá cabimento uma medida repressiva desta natureza? Lembro, em notícia dada nesta publicação, na cidade de Goiânia – Brasil, a polícia distribuiu cerca de 10 mil rosas pelas dezenas de milhares de manifestantes que desfilavam nas ruas! E isto num país que os “intelectuais da batata” consideram de 3º mundo… mas pior que terceiro mundo, é uma ditadura e esta está cada vez mais presente na vida dos portugueses, com medidas que destituem os cidadãos dos seus direitos, dos seus rendimentos e principalmente da sua dignidade!
Isto faz-me pensar, será que são os Portugueses que já não acreditam nos políticos e nas suas politiquices, ou serão os políticos que já não acreditam nos Portugueses e na sua força? Pois pela forma como os digníssimos governantes sujeitam o seu povo a experiências demoníacas, como se de ratos de laboratório se tratassem, leva a crer que a descrença é grande!
Para concluir este meu longo discurso, resta-me observar o lado positivo que ainda me resta – nos dias de hoje, contrariamente ao que acontecia no tempo da “outra senhora”, posso dar-me ao luxo de deixar a minha opinião para que todos a possam ler, sem ser alvo de censura ou clausura, no entanto, caso os meus querido leitores e amigos não ouçam mais falar de mim… nunca fiando!
Até breve!
Por Alexandre Perdigão