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Não é surpresa que alguns setores vão ser fortemente prejudicados pela pandemia de covid-19. A agricultura é um deles.
Um grupo de trabalho criado pelo Governo – o Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Setores Agroalimentares e do Retalho – avaliou os riscos da pandemia para a agricultura portuguesa e detetou vários problemas, sendo que alguns dos problemas já se começam a sentir.
Segundo a TSF, o setor do vinho é um dos mais importantes para a agricultura nacional, mas também um dos que já se começa a ressentir com os efeitos. O documento, consultado pelo matutino, adianta que “o encerramento da restauração e da hotelaria, com a quebra abrupta do turismo, estarão a diminuir o consumo doméstico anual entre os 30% a 35%”.
“O cancelamento de encomendas internacionais (e obstáculos logísticos na exportação para os mercados europeus) e a perda de poder de compra que se seguirá, agravarão a previsível quebra anual nas vendas na ordem dos 50%“, acrescenta.
Além do vinho, os problemas estendem-se à pecuária. Em relação aos suínos, o setor estava a atravessar uma boa fase, nomeadamente com o aumento de 78% das exportações para a China, até ter sido bombardeado com a pandemia.
Uma das ameaças que agora existe está relacionada com a alimentação dos animais, dado que o “fecho de unidades de extração de oleaginosas na União Europeia, por falta de procura para biodiesel, resultará na falta de disponibilidades de bagaço de colza e soja, a principal fonte de proteína utilizada pela alimentação animal”.
A TSF adianta que, no caso dos leitões, “as capacidades de congelação são limitadas e os matadouros não conseguem pagar aos produtores, uma vez que não estão a vender”.
Os cereais também atravessam tempos difíceis. No milho temem-se “eventuais dificuldades nas importações para garantir o aprovisionamento das indústrias, quer para alimentação humana, quer animal, por perturbações nos mercados de origem tradicionais, ou nos transportes”.
Já no trigo, o grupo de trabalho sublinha que “é bastante provável que a produção de cereais, principalmente os de primavera/verão venha a estar comprometida, reflexo de constrangimentos na obtenção de sementes e de fatores de produção”.
O documento reflete ainda que, no que toca ao arroz, há receios de “eventuais dificuldades nas importações para garantir o aprovisionamento das indústrias sobretudo para alimentação humana, mas também para a indústria de alimentos para animais”.
Nas frutas e legumes, as preocupações voltam-se para a “possibilidade de rutura de stocks de fatores de produção, por impossibilidade de acesso a pontos de aquisição específicos como os fitofármacos”.
De acordo com a rádio, o Ministério da Agricultura já anunciou o início de um processo de elaboração de um Plano de Medidas Excecionais para o setor agroalimentar.
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