foto: Luis Forra / Lusa
No comunicado onde avança a aceitação do pedido dos investigadores, para adiar o prazo do inquérito por mais três meses, a Procuradora-Geral da República (PGR) começa por admitir que os sucessivos atrasos que se têm verificado se justificam pela “elevada complexidade dos factos investigados”.
“Pese embora todo o esforço empreendido e o considerável avanço na investigação, não poderá deixar de se notar que poderiam eventualmente ter sido desenvolvidas estratégias de direcção do inquérito tendentes a melhor racionalizar os meios disponíveis e a reforçar aquela direcção, desde logo em sede do cumprimento, pelo OPC [Órgão de Polícia Criminal, ou seja, a equipa das Finanças], das orientações dadas pelos magistrados que integram a equipa de investigação”, repara contudo, Joana Marques Vidal.
A PGR solicita assim, ao director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Amadeu Correia, que é o superior hierárquico do Procurador Rosário Teixeira que lidera a “Operação Marquês”, que analise a possível adopção de medidas para “fortalecer a direcção do inquérito e definir a concreta atribuição aos magistrados que integram a equipa das tarefas a realizar, a reforçar a articulação interna da equipa e, bem assim, a articulação directa e presencial da intervenção do OPC, eventualmente através da avocação do inquérito”.
Isto é o mesmo que dizer que Joana Marques Vidal pede a Amadeu Correia que “pondere assumir a direcção do inquérito”, afastando Rosário Teixeira do caso, conforme salienta o jornal Público.
As críticas de Joana Marques Vidal estendem-se também aos responsáveis do inquérito da Direcção de Finanças de Braga, que são liderados pelo inspector tributário Paulo Silva, considerando que é preciso que haja uma “definição clara das suas atribuições, do modo como essa coadjuvação deve processar-se e do modo como o solicitado pelos magistrados ao OPC deve ser cumprido, bem como do tempo de cumprimento das tarefas atribuídas”.
Os advogados de José Sócrates, João Araújo e Pedro Delille, já anunciaram que vão impugnar o prolongamento da investigação, acusando a PGR de se limitar a “deitar as culpas ao mordomo”.
Sócrates acusa Sonae de ter pressionado o governo
Entretanto, José Sócrates reage às declarações do presidente executivo da Sonae, Paulo Azevedo, sobre a OPA lançada por esta empresa à Portugal Telecom, um dos vários casos em que o ex-primeiro-ministro está sob suspeita.
Paulo Azevedo disse que “estavam todos feitos” neste negócio e que “o jogo estava distorcido”.
Numa nota no Diário de Notícias, Sócrates refere que a “declaração constituiu uma grave e maldosa insinuação” que diz “indignadamente repudiar“.
“O governo da altura assumiu uma posição de estrita imparcialidade nem contra nem a favor da OPA”, acrescenta o ex-primeiro-ministro, garantindo que manteve sempre uma “posição de neutralidade” no processo, nomeadamente relativamente à Caixa Geral de Depósitos, “a cuja administração foi comunicada total liberdade”.
Sócrates alega ainda, que a “administração da Sonae tentou persuadir o governo a apoiar a OPA”. É “indesculpável que alguém que tentou em várias ocasiões convencer o governo a ser apoiante da sua iniciativa empresarial se permita fazer insinuações que o próprio sabe serem falsas”, conclui o ex-governante.
“O governo nunca esteve feito com ninguém. Nem com o Dr. Paulo Azevedo”, termina Sócrates neste texto no DN.
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