Portugal assume hoje, sábado pela segunda vez o comando da força naval da União Europeia (UE) que combate a pirataria na região do Índico, missão que irá prolongar-se durante quatro meses.
A fragata portuguesa “Álvares Cabral” é o navio-almirante que irá liderar a força europeia até 06 de agosto.
O navio, que partiu a 21 de março da Base Naval de Lisboa, encontra-se no Jibuti, pequeno país entre a Eritreia e a Somália (nordeste de África), situado no Golfo de Aden, dentro da área de operações da missão comunitária.
Em declarações à Lusa, o tenente Pedro Almeida e Silva, oficial de relações públicas da força naval da UE, que se encontra a bordo da fragata portuguesa, indicou que a “Álvares Cabral” chegou na quarta-feira ao porto de Jibuti.
O comando da força naval europeia e da operação “Atalanta”, como é designada a missão europeia de combate à pirataria, foi assegurado, até ao momento, por Espanha.
“Durante este período estivemos num processo de transferência do comando da marinha espanhola para a marinha portuguesa, culminando no sábado de manhã na cerimónia de entrega de comando”, indicou o representante.
A viagem, que incluiu uma paragem logística na ilha grega de Creta, correu “normalmente”, referiu o oficial, precisando que durante a deslocação a fragata cumpriu “um plano de treino abrangente” que focou todas as atividades relacionadas com a missão.
“Adaptámo-nos aos novos sistemas, aos novos desafios, e durante o trânsito viemos a acompanhar tudo o que estava a decorrer na área de operações, de forma a habituarmo-nos ao que vai ser um nosso dia-a-dia nos próximos quatro meses”, disse Almeida e Silva.
O processo de transição do comando envolveu “um planeamento bastante rigoroso”, sublinhou o tenente português.
“Ficámos a perceber o trabalho que eles [a marinha espanhola] desenvolveram nos últimos quatro meses, qual era a previsão que tinham para os próximos quatro meses. Conseguimos articular um esforço conjunto para que não se note uma transição abrupta do comando” da força europeia, explicou Almeida e Silva.
“Estamos confiantes que, com este período de transição, vamos certamente ter a possibilidade de exercer o nosso comando da força com toda a naturalidade”, reforçou.
Ao nível dos principais desafios da missão, Almeida e Silva destacou a proteção e escolta dos navios do Programa Alimentar Mundial, o combate às ações de pirataria no mar e a proteção de navios mercantes.
Sobre a incidência de ataques de pirataria na região, o tenente destacou o “trabalho meritório” do comando espanhol, incluindo a entrega às autoridades das Seychelles e das ilhas Maurícias, já este ano, de vários suspeitos de pirataria.
“O comando espanhol iniciou a missão a 06 dezembro de 2012. (…) Desde maio de 2012 nenhum navio mercante é tomado de assalto por piratas com sucesso”, assinalou.
Atualmente, a força naval da UE presente na região do Índico é constituída por seis navios (originários de Espanha, Suécia, Alemanha, Portugal e Holanda) e dois aviões de patrulha marítima. Durante o o comando português, a força será reforçada com mais três navios.
O comando da força naval europeia vai ser assegurado pelo comodoro Jorge Novo Palma.
A fragata “Álvares Cabral”, comandada pelo capitão-de-mar-e-guerra Nuno Sobral Domingues, vai cumprir a missão com 221 militares a bordo, incluindo um Estado-maior multinacional que irá apoiar no exercício do comando.
Este é constituído por 24 militares de Portugal, Bélgica, Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Letónia, Holanda e Suécia.
A par desta missão, Portugal já tinha assumido o comando da força naval da União Europeia (EUNAVFOR) em 2011, e exerceu, em 2009 e 2010, o comando da Standing NATO Maritime Group 1 (SNMG1), a operação da Aliança Atlântica de combate à pirataria ao largo da costa da Somália.
A operação “Atalanta” foi iniciada em 2008.
NOTICIA LUSA PAULO CUNHA/LUSA