Está lançada a polémica com o custo do altar-palco que vai acolher o Papa Francisco durante as Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa. Mas, na verdade, não se conhece a totalidade dos custos do evento, nem quanto será pago pelos contribuintes e pela Igreja Católica.
As Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) são o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo, contando com a participação do Papa. Neste ano, vão ser em Lisboa, mas a preparação do evento está a gerar polémica devido aos elevados custos envolvidos.
Nesta semana, “rebentou” a polémica com o custo do altar-palco que vai acolher o Papa, uma obra que foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA), segundo dados do Portal Base da contratação pública. Mas a este valor somam-se ainda 1,06 milhões de euros para as fundações indirectas da cobertura.
Vai ser a Câmara Municipal de Lisboa (CML) a pagar este altar-palco de 9 metros de altura, com três plataformas e onde cabem 2 mil pessoas. Terá também dois elevadores para pessoas com mobilidade reduzida e uma escadaria.
Carlos Moedas, presidente da CML, já veio culpar a Igreja pelo elevado custo da obra, notando que é preciso responder às exigências da Fundação que organiza as JMJ e que foi criada pelo Patriarcado de Lisboa para o efeito.
Este altar-palco vai custar 18 vezes mais do que aquele que foi erguido em 2010, para a visita do então Papa Bento XVI a Lisboa, e que custou 300 mil euros.
CM Lisboa
Projecto do altar-palco das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa.
Governo pode gastar mais de 36 milhões de euros
Mas os gastos das JMJ não se ficam por aqui. A SIC Notícias avança que a organização do evento tem um custo previsto superior a 36 milhões de euros.
Contudo, em Outubro de 2022, o Correio da Manhã (CM) avançou que esse valor respeitaria apenas aos gastos assumidos pelo Governo, sem contar com as questões da segurança, mobilidade e saúde.
O jornal sublinhava ainda que a CML previa gastar entre 30 e 35 milhões de euros com o evento.
Já a Câmara de Loures seria responsável por arcar com 16 milhões de euros dos custos, ainda de acordo com o CM.
Entre as obras que estão a ser feitas para acolher o evento, uma das mais importantes é a criação do Parque Urbano Tejo-Trancão no antigo aterro junto ao rio Trancão, entre Lisboa e Loures. Será neste local que vai decorrer a Missa Final de encerramento das JMJ e onde vai também nascer o altar da discórdia.
Só estas obras exigem um investimento total de 21,5 milhões de euros, incluindo a recuperação do Aterro Sanitário de Beirolas, a criação de redes de saneamento, de água e de energia, e ainda a construção de uma ponte pedonal sobre o Rio Trancão.
Não se sabe quanto vai gastar a Igreja Católica
“O Governo deixou ao encargo das Câmaras as obras dos principais recintos, mas as autarquias asseguram que a Igreja também está envolvida no custo da organização”, avança a SIC Notícias.
Só que ninguém sabe quanto é que a Igreja Católica, que organiza o evento, vai gastar ao certo, nem que fatia dos custos das obras vai suportar.
O que se sabe é que a inscrição para toda a semana das JMJ custa 235 euros.
São esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas no evento, esperando-se que gastem algo como 400 milhões de euros.
Susana Valente, ZAP //