Para a grande maioria de nós, rapidamente associamos o nome Taekwondo a uma arte marcial, mas Songahm é um termo ainda desconhecido, não obstante este estilo de Taekwondo estar em Portugal desde 1991.Taekwondo é uma arte marcial de origem Coreana, que pode ser traduzido como “O Caminho dos Pés (TAE), das Mãos (KWON) e da Mente (DO).
O estilo Songahm é muito mais do que uma simples arte marcial, é uma filosofia que cultiva a liderança sempre ao serviço da comunidade, com enfoque no desenvolvimento pessoal, da mente e do corpo. Para além disso, incute nos seus praticantes a perseverança, uma virtude bastante valorizada e apreciada em todos os âmbitos.
Na maior parte das situações da vida é necessário perseverança para ter êxito, e esta é uma das características que os alunos adquirem de forma natural.
Podemos comparar a evolução de um aluno no Taekwondo Songahm como o crescimento de um pinheiro até este atingir a sua maturidade. O cinto branco é a pequena semente lançada na terra, que depois de nutrida irá crescer, desenvolvendo o tronco, as folhas e aprofundando as suas raízes. Quando este processo estiver concluído, o pinheiro estará crescido e pronto a lançar uma nova semente – nesta altura o cinto será preto!
O iPressGlobal acompanhou o exame final da presente época no Porto, da escola Shim Jun, e teve a oportunidade de entrevistar o Professor Miguel Loureiro, responsável máximo pela escola Shim Jun, cinto negro, 5º DAN, instrutor de Taekwondo Songahm e membro do Departamento de Instrução do Taekwondo Songahm em Portugal, nomeado pelos Headquarters da World Traditional Taekwondo Union.
iPressGlobal (iPG): O Taekwondo Songahm chegou a Portugal no início dos anos 90. Passados cerca de 20 anos, qual o motivo para este estilo ser ainda tão desconhecido entre os Portugueses?
Miguel Loureiro (ML): O Taekwondo Songahm chegou a Portugal no final de 1991 e começou em Lisboa. Teve um bom desenvolvimento nos primeiros anos, mas a expansão acabou por ser feita apenas na região de Lisboa, nos concelhos de Lisboa, Oeiras, Cascais e Sintra. No final da década de 90, o Taekwondo Songahm passou por uma crise de liderança em Portugal e durante alguns anos estivemos isolados da Sede mundial, instalada nos EUA, o que provocou uma estagnação e consequente redução do número de praticantes. Só em 2007 reactivamos o contacto com a Sede mundial e o Taekwondo Songahm voltou a recuperar, tendo crescido bastante nos últimos 3 ou 4 anos, estando agora presente também no Porto, para além da região de Lisboa.
iPG: O Taekwondo, estilo Olímpico, está implementado no nosso País aproximadamente há 40 anos. Será apenas esse o motivo para ter muitas mais escolas e mais praticantes?
ML: Desconheço em rigor o processo de expansão do estilo olímpico de Taekwondo em Portugal, mas estar no nosso país há cerca de 40 anos, deverá ser o factor que mais pesa para explicar o maior número de escolas e praticantes. Outro factor poderá ser a existência da Federação Portuguesa de Taekwondo, cuja estrutura abrange apenas o estilo olímpico de Taekwondo e é um suporte muito importante para o desenvolvimento da modalidade, uma vez que recebe, como todas as Federações desportivas em Portugal, verbas do estado para o financiamento e desenvolvimento da modalidade.
iPG: E quais são as principais diferenças entres estes dois estilos de Taekwondo?
ML: No que toca à componente física, existem muitas semelhanças. As técnicas de braço e perna são similares. No entanto, a filosofia em que assenta uma e outra, o sistema de ensino, os conteúdos a ensinar e os métodos de treino, são diferentes. Há diferenças no treino técnico, onde as sequências de movimentos (coreografias) designadas por poome-saes, são diferentes. Na componente combate, há também algumas diferenças, nomeadamente na organização e estrutura de uma competição, na divisão dos participantes, nas regras de pontuação e na intensidade do contacto.
iPG: Numa recente entrevista, o Professor Loureiro afirmou que o Taekwondo Songahm forma líderes. Essa é a principal característica deste estilo?
ML: Não diria a principal, mas é uma das características importantes! A principal diria que é a disciplina, porque as artes marciais são baseadas numa estrutura militar. E depois temos o nosso juramento no início e no final da aula, com sete princípios: cortesia, respeito, lealdade, honra, perseverança, autocontrolo e integridade. Há outros conceitos que para mim são características importantes, por exemplo a autoconfiança e a colocação de objectivos. Na nossa prática definimos objectivos constantes aos alunos, o nosso sistema de cintos é baseado em objectivos. Um aluno para alcançar o cinto seguinte, tem que saber cada vez mais.
iPG: O Professor Loureiro é o responsável da escola Shim Jun sediada em Lisboa e recentemente passou a ter também uma escola no Porto, entregue ao Professor Hugo Casimiro. Esta foi uma tentativa de levar o Taekwondo Songahm para fora da capital, descentralizando e captando mais praticantes?
ML: O Taekwondo Songahm está no Porto há cerca de 6 anos. O Professor Casimiro treinou comigo em Lisboa, chegou a cinto preto, fez a formação de instrução em Lisboa e depois foi viver para o Porto. A mudança para o Porto foi motivada por razões pessoais e não por causa do Taekwondo. No entanto, ele decidiu começar a dar aulas, em paralelo com a sua actividade profissional na altura e ainda bem que o fez. Nos primeiros anos teve poucos alunos, mas foi crescendo ano após ano e agora já tem cerca de 70 alunos.
iPG: Hoje tivemos neste exame perto de 60 alunos, com a novidade de pela primeira vez no Porto existir o exame dos Tiny Tigers (4 aos 6 anos). Qual a influência que a prática do Taekwondo Songahm pode ter no crescimento e formação de uma criança desta idade?
ML: Nestas idades, o que se pretende é ensiná-las a seguir ordens, dentro de um estrutura de aula bem definida, que acaba por promover a Disciplina. As técnicas de braço e perna são utilizadas como instrumentos para ensinar coordenação motora e alguns princípios como o Respeito, a Confiança e a Concentração. No fundo, o Taekwondo Songahm pretende ajudar na formação do carácter das crianças.
iPG: Olhando para os seus alunos e para todos os outros espalhados pelas outras escolas, como prevê que esteja o Songahm em Portugal daqui a 20 anos?
ML: A minha Escola tem actualmente cerca de 180 praticantes, espalhados por 3 localizações: 2 em Lisboa (INATEL e Estádio Universitário) e 1 no Porto. Em Portugal, existem próximo de 1000 praticantes. Daqui a 20 anos, imagino o Taekwondo Songahm completamente espalhado por Portugal, com muito mais praticantes e novas Escolas.
iPG: Para finalizar, qual a mensagem que gostaria de deixar a todos aqueles que não conhecem ainda o Taekwondo Songahm?
ML: Venham experimentar e praticar o Taekwondo Songahm. Nunca é tarde para se fazer o que se gosta e dá prazer. Temos programas de ensino adaptados a todas as idades, desde os 3 anos de idade. O difícil é dar o primeiro passo, que é experimentar uma aula. Muitas vezes, preferimos ficar na nossa zona de conforto e não arriscar experimentar algo novo. O nosso sistema de treino é baseado em constantes desafios e objectivos a atingir, sempre adaptados à idade, condição física e limitações naturais de cada pessoa. Por isso, venham experimentar!
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REPORTAGEM E FOTOS: MÁRIO TAVARES - iPressGlobal mario.tavares@ipressglobal.com