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foto: Mário Cruz / Lusa

O Ministério Público está a investigar o ex-motorista de João Rendeiro e o seu pai, o presidente da ANTRAL, a maior associação de táxis portuguesa. Em causa estão suspeitas de lavagem de dinheiro quando se noticia que Rendeiro vendeu toda a sua herança, de uma só vez, ao “rei dos táxis”.

Florêncio de Almeida, presidente da ANTRAL e conhecido por “rei dos táxis”, e o filho com o mesmo nome, que foi motorista pessoal de João Rendeiro, são suspeitos da lavagem de milhões de euros do ex-banqueiro.

O Correio da Manhã (CM) apurou que o Ministério Público (MP) está a investigar Florêncio de Almeida e o filho no âmbito de negócios imobiliários feitos com Rendeiro.

Em causa está, nomeadamente, a compra de uma casa num condomínio de luxo por 1,1 milhões de euros por parte do motorista de Rendeiro. O imóvel foi comprado a pronto pagamento e depois doado à mulher do ex-banqueiro.

O MP suspeita que estes negócios podem ter sido simulados e está a investigar a origem do dinheiro usado pelo motorista. A teoria da investigação é de que “o circuito do dinheiro terá na sua origem João Rendeiro”, como avança o CM.

Quatro imóveis vendidos de uma só vez

A informação sobre a investigação do MP surge numa altura em que o Expresso noticia que Rendeiro vendeu quatro imóveis, que recebeu como herança do pai, de uma só vez ao amigo “rei dos táxis” por pouco mais de 500 mil euros.

A escritura dos imóveis terá passado para o nome de Florêncio de Almeida em 2015, estando em causa dois prédios em Lisboa e dois terrenos rústicos no concelho da Murtosa, em Aveiro.

O Expresso conta que um dos prédios foi comprado por 350 mil euros por Florêncio de Almeida pai que, por seu turno, o doou ao filho. Um mês depois, em Novembro de 2018, o filho vendeu o imóvel por 1,470 milhões de euros à sociedade Turtle Quotidian que será detida por dois franceses.

Já neste ano, o imóvel voltou a ser vendido a um casal português por 1,575 milhões, como relata o Expresso.

O outro prédio adquirido pelo “rei dos táxis” custou 150 mil euros e foi vendido, 10 meses depois, por 172 mil euros a um casal em “condições não muito habituais”, refere ainda o semanário.

“O casal comprometeu-se em pagar aquele valor em 86 prestações mensais de €2000, fazendo uma hipoteca voluntária da moradia por €172 mil a favor do vendedor como garantia do pagamento”, destaca o Expresso.

Quanto aos terrenos rústicos na zona de Aveiro, foram vendidos por 3500 euros e continuam nas mãos de Florência de Almeida.

Documentos do BPP terão sido escondidos na ANTRAL

Entretanto, o programa Sexta às 9 da RTP1 apurou, junto de antigos funcionários do presidente da ANTRAL, que estes ajudaram a transportar “uma quantidade de pastas de documentos” da casa de Florêncio de Almeida para a sede da associação de táxis, mais ou menos na altura do colapso do BPP, em Dezembro de 2008.

E fontes próximas da administração do BPP garantiram à equipa do programa da RTP que houve documentos de Rendeiro que desapareceram do banco precisamente no fim-de-semana em que as pastas terão sido mudadas para a ANTRAL.

Mas Florêncio de Almeida desmente que esse transporte de documentos tenha ocorrido, conforme declarações ao Sexta às 9.

O Sexta às 9 revela ainda que, nove meses antes de Rendeiro ter abandonado a presidência do BPP, foi criada uma mediadora de seguros que serve os associados da ANTRAL e que foi presidida por Paulo Guichard, outro suspeito no processo do banco.

A seguradora, designada Antralmed, teria como objectivo reduzir os gastos dos táxis com seguros e é, actualmente, presidida por Florêncio de Almeida pai que também dirige mais oito empresas do universo ANTRAL, segundo o programa da RTP1.

Além disso, o “rei dos táxis” preside ainda a mais sete empresas das quais é beneficiário, de acordo com a mesma fonte.

E o seu filho motorista, além do apartamento na Quinta Patino, é também proprietário de uma herdade no Alentejo que foi comprada, em 2015, por 110 mil euros pagos com um empréstimo bancário.

Mulher de Rendeiro sob suspeita

A juíza do processo BPP abriu, entretanto, uma investigação à mulher de Rendeiro. Em causa está o desaparecimento e a eventual falsificação de várias obras de arte que estão penhoradas no âmbito do processo.

Maria de Jesus Rendeiro tem cinco dias para entregar 15 obras de arte que estão em falta.

Para lá das obras, os advogados do BPP pediram, agora, ao tribunal o arresto de tudo o que está na casa da Quinta Patino, como apurou o Expresso.

Se este requerimento for aceite, “os funcionários que executarem o arresto não podem levar a cama, o fogão e o frigorífico“, e “a loiça sanitária é intocável” porque “são impenhoráveis os bens imprescindíveis a qualquer economia doméstica”, como explica o Expresso.

O semanário também apurou que os advogados do BPP querem, igualmente, arrestar contas bancárias, pensões, imóveis e carros do casal Rendeiro.

  ZAP //

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