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Cerca de meia centena de trabalhadores da Lusa, bem como diferentes personalidades da sociedade portuguesa, juntaram-se esta noite numa vigília em frente à residência oficial do primeiro-ministro para “relembrar” a Passos Coelho a luta da agência noticiosa.

“Esta ação é para relembrar [ao primeiro-ministro] o que se está a passar na agência Lusa”, disse Susana Venceslau, jornalista da agência e delegada sindical, recordando o corte de 30,9% na verba do contrato-programa para a agência de notícias que consta da proposta de Orçamento do Estado para 2013.

Um grupo de trabalhadores de diferentes órgãos representativos dos trabalhadores da agência entregaram no gabinete de Pedro Passos Coelho, em São Bento, Lisboa, um documento com um enquadramento sobre a situação atual da agência e os perigos de uma redução na verba estatal, nomeadamente no “enfraquecimento da Democracia” que tal representará, pela menor cobertura noticiosa daí resultante.

A concentração em frente à residência oficial de Passos Coelho contou com a presença de Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, da coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins e do deputado do PCP Bruno Dias, para além de diferentes figuras da cultura, do jornalismo e da sociedade portuguesa, casos de Mário Figueiredo, ex-provedor do ouvinte da RDP, e o compositor Carlos Mendes.

Arménio Carlos lembrou, em declarações aos jornalistas, a importância da “defesa do serviço público”, advertindo que uma quebra na produção e cobertura noticiosa da Lusa “aumentará as assimetrias” no país.

Lembrando o papel estratégico da agência também a nível internacional, em concreto nos países de língua portuguesa, o sindicalista apelou à intervenção do Governo e também do Presidente da República na defesa da Lusa.

“Se este Governo tivesse um pouco de humildade e seriedade já tinha recuado [no corte financeiro]”, declarou, entaltecendo o papel da agência de notícias “sempre na primeira linha de informação” em Portugal.

A administração da agência avançou, no último mês, com um processo de rescisões voluntárias que conduziu à saída da empresa de 22 profissionais.

Segundo o presidente da Lusa, Afonso Camões, estas saídas vão permitir uma poupança na folha salarial superior a 800 mil euros em 2013.

Porém, de acordo com a informação recentemente passada pelo gestor aos representantes dos sindicatos (Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Trabalhadores de Escritório – SITESE e Sindicato das Indústrias Transformadoras – SITE Sul), esta poupança é insuficiente para fazer face às consequências do corte pretendido pelo Governo.

Por isso, Afonso Camões lançou a possibilidade de haver a redução de uma hora de trabalho diária, com correspondente corte de remuneração, o que se traduziria, segundo informação dada pelo gestor aos sindicatos, numa poupança salarial anual de 900 mil euros, bem como um corte nas despesas correntes da empresa na ordem dos 220 mil euros.

O presidente da Lusa transmitiu ainda aos sindicatos que a dívida de clientes à agência ronda os 800 mil euros.

No ano passado, a agência apresentou lucros de 2,7 milhões de euros.

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