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Uma em cada 10 moçambicanas foi mãe antes dos 15 anos

Uma em cada 10 moçambicanas foi mãe antes dos 15 anos, indica um relatório divulgado hoje do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), que considera a gravidez adolescente como “um problema mundial de grandes proporções”.

De acordo com o estudo sobre o estado da população mundial em 2013 do FNUAP, além de Moçambique, também no Níger, Chade, Guiné-Conacri, Mali e Bangladesh uma rapariga em cada 10 teve um filho antes dos 15 anos.

“A gravidez adolescente é um problema mundial de grandes proporções, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde, anualmente, 7,3 milhões de raparigas menores de 18 anos têm um filho”, assinala o relatório da ONU.

Intitulado “A mãe-criança – enfrentar os desafios da gravidez na adolescência”, o estudo refere que Moçambique é o quinto dos 40 países a nível mundial onde mais de 20 por cento das mulheres entre os 20 e os 24 anos dizem ter tido um filho antes dos 18 anos.

A percentagem em Moçambique é de 42 por cento, abaixo do Níger (51 pc), Chade (48 pc), Mali (46 pc) e Guiné-Conacri (44 pc).

Entre os 40 países referidos, aparecem igualmente os lusófonos São Tomé e Príncipe, com 25 por cento das mulheres entre os 20/24 anos a indicarem terem sido mães antes dos 18, e Cabo Verde (22 pc).

Quanto à taxa de natalidade adolescente (número anual de nascimentos por 1.000 mulheres entre os 15 e os 19 anos), ela foi de 193 em Moçambique entre 2006-2012, tal como no Chade, e apenas abaixo da do Níger (199).

Em Angola, foram 165 em cada 1.000 mulheres as adolescentes que foram mães anualmente entre 2006 e 2012, enquanto na Guiné-Bissau a taxa foi de 137 e em São Tomé e Príncipe de 110.

Os restantes lusófonos registaram taxas de natalidade adolescente de 92 (Cabo Verde), 71 (Brasil) e 54 (Timor-Leste).

Em Portugal, a taxa foi de 16, face aos 13 de Espanha, 25 do Reino Unido, nove da Alemanha e 39 dos Estados Unidos.

Apesar de a maioria dos dados comparáveis em termos internacionais disponíveis sobre a gravidez adolescente serem sobre as raparigas entre os 15 e os 19 anos, são as que têm 14 anos ou menos as que “sofrem as consequências mais graves e de longo prazo, em relação à saúde e no plano social”, assinala o relatório.

Chamando a atenção para o facto de a gravidez precoce ter efeitos negativos sobre a saúde, a educação e os direitos das raparigas, impedindo-as de “conseguirem o seu pleno potencial”, o estudo revela que das 7,3 milhões de menores que são mães anualmente, dois milhões têm 14 anos ou menos.

“Muitas vezes, a sociedade rejeita qualquer culpa da gravidez na adolescência, quando na realidade, na maioria dos casos, a gravidez não é o resultado de uma escolha deliberada, mas de uma falta de escolha e de circunstâncias independentes da sua vontade. É uma consequência de uma falha no acesso à educação, ao emprego e às informações e cuidados de saúde”, nota Babatunde Osotimehin, diretor-executivo do FNUAP, citado no comunicado sobre o relatório.

Para enfrentar os desafios da gravidez adolescente, o FNUAP defende uma abordagem global que inclua a promoção da educação das raparigas, o fim do casamento de menores e a mudança das atitudes em relação aos papéis atribuídos a homens e mulheres, bem como o aumento do acesso dos adolescentes aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo à contraceção, e um melhor apoio às mães adolescentes.

Lusa

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