Tó Manel, como é carinhosamente conhecido em Matosinhos, é sócio do Leixões S.C. há 28 anos e colecionador de todo o tipo de artigos relacionados com o Clube do seu coração, sendo proprietário de um verdadeiro museu!
Quem passa na Rua São Salvador em Matosinhos, está longe de imaginar que no 1ºandar da drogaria “A Económica” está um impressionante museu de colecionismo do Leixões S.C.. No local, respira-se história e conhecimento! Dos relatos das passagens mais marcantes da história do Clube, aos objectos colecionados ao longo de mais de quarenta anos, passando ainda pelas edições de jornais desportivos com meio século de existência, encontramos verdadeiras relíquias que “através dos tempos” fazem recordar os episódios em cada década passada.
Tó Manel começa por explicar o motivo da sua escolha clubística, “Sou do Leixões, porque sou de Matosinhos!”, afirma com um sorriso na cara. “Todas as pessoas deviam de ser do clube da sua terra, mas em Portugal não funciona assim, é um fenómeno! As pessoas não gostam dos clubes, nomeadamente dos clubes grandes, mas sim dos títulos que os clubes ganham!”.
Entre os vários objectos expostos neste museu, encontramos a bota do Oliveirinha, a bota que marcou um dos golos da única Taça de Portugal conquistada pelo Leixões em 1960/61 em pleno Estádio das Antas. Para além dos vários objectos artesanais presentes, verdadeiras obras de arte que na sua maioria foram construídos pelos amantes do clube que com carinho e admiração ofereceram ao adepto fanático, descobrimos um equipamento de futebol do Leixões de 1922 e ainda um chapéu de uma corporação de Bombeiros de Nova Iorque com o símbolo do Leixões, que pertenceu ao grande jogador Béné.
No seu museu, Tó Manel destaca orgulhosamente o primeiro objecto da sua prestigiosa coleção, “Este foi o meu primeiro objecto, este porta-chaves foi-me oferecido pela minha mãe, quando eu fui para a primária, tem 40 anos”.
Os “Heróis do Mar”, como também é conhecido o Leixões, é ainda um clube de tradições e durante muitos anos era um símbolo de orgulho para todos os pescadores de Matosinhos, de tal forma que os cartões de sócio tinham um carimbo com a descrição “Pescador”, “Antigamente todos os pescadores de Matosinhos tinham de ser sócios do Leixões, era tradição”, acrescente Tó Manel. Ainda hoje o Leixões é um dos clubes com maior número de adeptos e raramente o Estádio do Mar regista pouca afluência de adeptos, como dá conta Tó Manel, “Um domingo sem Leixões não é domingo, isto do Leixões é uma família, o convívio…raramente falho um jogo, já não consigo viver sem isto”.
“Benfica, Porto e Sporting não são clubes, são instituições de caridade…”
Cada objecto deste museu tem uma história e o anfitrião faz questão de as relatar, apregoando vaidoso que o Leixões é o maior clube nacional porque “Benfica, Porto e Sporting não são clubes, são instituições de caridade na medida que gostam de ajudar os sérvios, os croatas, os argentinos…”, enquanto que o Leixões mantém a mística e aposta nos portugueses, “O Leixões tem neste momento 14 jogadores formados na casa, e seis ou sete jogam quase sempre!”.
Quando questionado qual seria o seu sonho para o Leixões, com uma gargalhada responde “Campeão Europeu”, mas na realidade o que Tó Manel deseja é que o clube consiga liquidar as dívidas, “Gostava mesmo que o Leixões pudesse pagar as dívidas que tem, mesmo antes isso, do que subir de divisão”.