Clima de características ímpares antecipa vindima na região onde se produzem alguns dos melhores vinhos do mundo.
Na zona do Douro Superior a vindima já arrancou. O clima seco e extremamente quente suscita um grau de maturação das uvas muito elevado, o que obriga uma vindima antecipada. Os viticultores da região acreditam que se pode estar perante um ano de produção superior à de 2014.
Na freguesia de Muxagata, em Vila Nova de Foz Côa, já se colhem as primeiras uvas para a produção dos vinhos “Vales Dona Amélia”. A marca está inserida no projeto Gerações de Xisto, a cargo de dois jovens agricultores da freguesia. Ainda estamos em agosto e aqui, ao contrário do que acontece na maior parte do país, a vindima já se iniciou. Nesta região, os vinhos de mesa têm-se destacado mais em relação ao vinho do Porto e isso determina controlos mais rigorosos. “Sendo o Douro Superior uma zona vínica singular, as condições criam-se de forma mais prematura, originando vindimas logo no início deste mês”, adianta Paulo Grandão, um dos responsáveis pelo projeto. O seu sócio Frederico Lobão acrescenta que a principal razão para esta vindima antecipada tem a ver com o grau de maturação das uvas. “Da análise sensorial percebia-se que estas já estavam maduras e da análise laboratorial comprovou-se tal facto, através dos valores de álcool provável e PH obtidos”, refere.
Segundo Paulo Grandão, a seca extrema que se tem sentido nesta região faz com que as vinhas sofram de “stress hídrico”. As videiras contêm “bastantes folhas secas e amareladas, o que pode prejudicar a qualidade dos cachos”.
As castas brancas são as primeiras a ser colhidas uma vez que “apresentam uma evolução precoce em relação às castas tintas”, explica Frederico Lobão. Apesar de ainda ser cedo para falar sobre qualidade, o produtor admite que o bom estado das uvas leva a crer que este venha a ser um ano de “alta qualidade”. O facto de não ter havido ataques de doenças nas vinhas, é também um fator muito positivo.