Os caloiros da Universidade de Oxford vão ter uma nova disciplina no currículo este ano: consentimento sexual.
Os workshops, com duração de 90 minutos, já existem há cinco anos em Oxford, mas este ano vão fazer parte de todos os planos de estudos, com o intuito de contrariar o alto número de violações e casos de assédio sexual. Para Orla White, coordenadora dos workshops, “não é bem uma aula, é mais uma conversa”.
“Queremos quebrar tabus, começar conversas e acabar com mitos sobre a violência sexual”, explica à BBC a vice-presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Oxford para as mulheres.
O workshop sobre consentimento sexual também fala sobre estatísticas, aborda aspectos legais sobre consentimento, coloca os alunos perante cenários hipotéticos e tem até conteúdos sobre educação sexual.
Algumas pessoas têm reagido com surpresa à necessidade de uma universidade de prestígio ter que ensinar as mentes mais brilhantes do Reino Unido que “não é não”, acusando a iniciativa de ser “paternalista” e “condescendente”, mas os responsáveis da instituição apoiam a iniciativa da associação de estudantes.
Apesar de todos saberem que as violações e o assédio sexual são errados – e constituem crime -, isso não evita que ambos ocorram a um ritmo alarmante.
A Associação Nacional de Estudantes britânica afirma que uma em cada cinco estudantes sofreu algum tipo de assédio sexual durante a primeira semana do semestre.
Comentários de cunho sexual, assobios quando as estudantes passam ou quando entram nas salas, abordagens invasivas nas filas para as festas e piadas sobre violações são citados como exemplos deste assédio.
Iniciativas semelhantes têm sido adotadas por instituições em todo o Reino Unido.
Na Universidade de Cambridge, “as aulas sobre consentimento são uma parte essencial da entrada na vida universitária, estão incluídas nos programas de introdução e os estudantes são encorajados a participar”, e na Universidade de Warwick também já existem workshops sobre a cultura de violação e mitos sobre violações, refere o Newsbeat.
Na Universidade de York, onde cerca de cinco mil caloiros tiveram que assistir às sessões sobre “masculinidade tóxica” e culpabilização da vítima, alguns estudantes abandonaram estas aulas.
“Menos de 250 pessoas escolheram não ficar na primeira conversa”, escreveu Dom Smithies, responsável pela área de Comunidade e Bem-Estar da instituição.
Hareem Ghani, da Associação Nacional de Estudantes britânica, escreveu um artigo no Independent onde explica que estas sessões “tentam desvendar mitos sobre violações, desconstruir o impacto da hiper-masculinidade em todos os géneros e incentivar os estudantes a não envergonhar os seus colegas pelas suas preferências ou atividade sexual”.
De acordo com a lei britânica, o consentimento sexual acontece quando a pessoa “está de acordo por escolha própria e tem a liberdade e a capacidade de tomar essa decisão”.
AF, ZAP