O bisneto de José Maria do Espírito Santo Silva e neto de Ricardo Ribeiro do Espírito Santo Silva, é o primeiro presidente do BES a sair vivo da função. Isto quer dizer que, à semelhança das monarquias, os seus antecessores estiveram em funções até morrerem.
As últimas notícias contam que a Espirito Santo Internacional, uma “holding” do GES, foi recentemente sujeita a uma auditoria do banco de Portugal, que revelou irregularidades nas contas na ordem dos 1,3 mil milhões de euros e um buraco de 2,5 mil milhões e portanto, está endividada.
Parece que foram os atos de má gestão na área não financeira do grupo, bem como as más opções de negócio desta área, as responsáveis por este buraco financeiro e que está a provocar uma guerra no seio da família Espírito Santo.
Outros intervenientes fazem, no entanto, também parte deste enredo, a PT investiu 900 milhões de euros de dívida no GES, mais propriamente na RioForte, sabe-se que Amílcar Morais Pires, o número dois de longa data de Ricardo Salgado, faz igualmente parte do conselho de administração da PT (coincidências…).
Esta tomada de posição da PT, que não é um banco mas que age como tal, já levou a que a sua associada, a Oi brasileira, viesse a público afirmar que desconhecia este negócio da PT. Aguardemos para ver se consegue não se envolver nele e qual será o futuro da sua relação com a PT depois deste episódio.
Desde sempre que a Banca e o Estado vivem uma cumplicidade visível, dependendo dos favores mútuos. Os banqueiros de Portugal ajudam a eleger e a manter governos e em troca, podem esquecer-se de pagar as dívidas ao fisco ou desfrutar de dinheiro em off shores. Tudo é permitido a estes senhores, mas não ao cidadão comum.
Ninguém sabe como irá terminar este enredo, notoriamente intrincado, mas uma coisa parece já visível, a relação entre o Estado e os banqueiros terá forçosamente que mudar.
Algo que já demonstra indícios de estar a acontecer, a prova disso foi precisamente, o Banco de Portugal não ter aceitado as escolhas indiciadas por Ricardo Salgado para ocupar a presidência do BES e Amílcar Morais Pires, o primeiro nome a ser apontado à sua sucessão, ter sido já afastado da sua administração.
Parece que será Vítor Bento o novo presidente do Bes, nome que reúne consensos e personalidade bastante conceituada no seu meio. Pode ser que todas estas reorganizações sirvam para alterar a mentalidade instituída nos senhores banqueiros do nosso país, de que tudo lhes é permitido como os legitimados «donos de Portugal».