Não será certamente a melhor maneira de chamar a atenção sobre algo recorrendo à sua ridicularização embora se saiba que resulta sempre. A forma caricata como o ministro Pires de Lima se referiu a António Costa e às taxas e taxinhas, com uma interpretação bastante realista de um apatetado, mais não fez do que pôr o País a falar sobre o que irá ser cobrado aos turistas quando em visita à cidade de Lisboa.
Os pronúncios de Paulo Portas de que estas taxas serão catastróficas para o turismo e que as receitas deste irão baixar o que provocará em Portugal um aumento do desemprego, são o mais recente paliativo do nosso vice-primeiro-ministro, que não consegue mostrar mais nenhum ponto de interesse que não seja fazer oposição ao PS, neste caso através do seu futuro presidente.
Não me lembro de tal indignação pelo aumento no pagamento do IMI, ou do IVA ou mais recentemente do que vai ser cobrado pelo Orçamento de Estado para 2015: imposto sobre bebidas alcoólicas; imposto sobre o tabaco; aumento da Contribuição de serviço rodoviário; aumento do imposto de contribuição extraordinária sobre o sector bancário; criação do imposto de carbono sobre o consumo de combustíveis; criação de uma taxa sobre os sacos de plástico.
Esta recente polémica vem assim provar que somos de facto um povo muito hospitaleiro, quando se fala em cobrar algo aos estrangeiros levantam-se um coro de indignados, pena que o mesmo não aconteça quando se trata de sufocar os portugueses com várias sobretaxas.
Em muitas cidades europeias esta taxa já existe e parece-me que o facto de António Costa escolher esta altura para a lançar revela apenas coragem na defesa das suas convicções.
Numa altura em que António Costa sabe que terá em cada decisão que tomar um aproveitamento ampliado por parte do governo, numa altura em que como candidato a primeiro-ministro, ele sabe que tudo o que fizer será comentado e aproveitado e mesmo assim não hesita em faze-lo, o que só demonstra dignidade de caráter.
O mesmo não se pode dizer de ministros que utilizam o espaço do debate político como anfiteatro de fantochadas perante a passividade do parlamento. Ou a utilização de argumentos de fraca qualidade sobre a análise ao Orçamento de Lisboa por parte de membros do governo.