O secretário-geral do PCP afirmou-se hoje espantando com a “brutalidade do diagnóstico” da ‘troika’ e criticou o Presidente da República por ficar a “olhar para a tragédia”, desafiando o PS “a não ficar na posição de carpideira”.
“O que espanta é a brutalidade deste diagnóstico e desta perspetiva, sem apresentar uma medida que fosse um pouco com esta ideia, ‘hoje estamos mal, mas a perspetiva é que para o ano ficamos melhor’”, disse Jerónimo de Sousa, num jantar comemorativo do 92.º aniversário do PCP, no Funchal.
Abordando os resultados da sétima avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira do país, o deputado comunista alertou: “Aquilo que aquele ministro das Finanças do Governo do PSD/CDS-PP disse é que, preparem-se, porque vão pagar com língua de palmo em 2013, em 2014, em 2015 e, se necessário, em 2016”.
“É impressionante ouvir aquele ministro das Finanças com aquela voz suave como veludo, mas com o objetivo claro de desembainhar um punhal contra os trabalhadores e os seus interesses e os seus direitos, eis a perspetiva que este Governo oferece aos trabalhadores, ao povo e ao país, mais desemprego, mais recessão, mais cortes, mais despedimentos, num quadro em que não resolveram o problema da dívida nem o problema do défice”, sustentou.
Discursando para dezenas de pessoas, o dirigente do PCP defendeu que “esta violenta afirmação de política desgraçada” tem de ter um fim, questionando: “O que é preciso mais? É preciso pôr o povo português a pão e água para se descobrir que este Governo está a mais?”.
Jerónimo de Sousa disse ainda não entender a posição do chefe de Estado, Cavaco Silva: “Fica a olhar para a tragédia ou tinha a sua obrigação de resolver e dar uma contribuição para derrotar esta política e para derrotar este Governo?”.
O secretário-geral comunista declarou-se também surpreendido com a posição do PS, que, “um pouco em jeito de carpideira, foi dizendo, ‘isto é uma agonia para o povo português’”.
Apesar de considerar que “fica bem este sentimento”, Jerónimo de Sousa argumentou que é tempo “de o PS se demarcar desse pacto de agressão que assinou com o PSD, com o CDS” e ir para o combate com os portugueses.
“É profundamente errado ficar numa perspetiva e taticismo eleitoralista e deixar que o nosso povo, o nosso país, sofra aquilo que está a sofrer com este Governo”, disse, considerando que o executivo, embora possa “durar mais meses”, politicamente “está morto”, pois “viu reduzida a sua base social de apoio” e hoje tem “dificuldades em sair à rua e em falar aos portugueses”.
As metas do défice orçamental deste ano tiveram que ser novamente revistas sete meses depois, com a nova meta do défice para 2013 a ser de 5,5%, superior à meta de 2012.
O Governo reviu também hoje em baixa a sua projeção para a economia portuguesa, prevendo agora que a recessão seja de 2,3% do PIB este ano e não de 1% do PIB.
Em conferência de imprensa de apresentação dos resultados da sétima avaliação o ministro das Finanças reviu ainda em alta a taxa de desemprego para este ano de 16,4% para 18,2%.
NOTICIA AGÊNCIA LUSA FOTO:HOMEM DE GOUVEIA/LUSA