Segundo o estudo de opinião da Eurosondagem para a Associação 25 de Abril, sobre o “25 de Abril em Portugal”, 79,4% dos inquiridos consideram que os valores conotados com o 25 de Abril, nomeadamente a Liberdade, a Democracia, a Paz e a Justiça Social, são pouco ou nada respeitados pelo Poder.
Cerca de 80% da população portuguesa sente postos em causa os princípios conquistados pela “Revolução de Abril”, também é discurso constante de políticos ou analistas que a democracia poderá estar ameaçada, uma vez que os sacrifícios pedidos aos portugueses são demasiados, o que deteriora o bem-estar social e consequentemente a pouca participação democrática.
Claro que as pessoas não participam ativamente na vida politica, e há, uma grande desconfiança em relação às instituições políticas e atuais governantes, o que leva a que uma grande parte da população sinta que os valores da democracia e concludentemente da liberdade não estão a ser respeitados e se encontram muito distantes dos ideais de Abril de 74, particularmente do regime revolucionário da época. Contudo é importante lembrar que de facto uma das coisas que distingue as democracias dos regimes revolucionários é que as democracias são muito menos exaltantes. Mas muito mais realistas.
As suas imperfeições são a sua força, já que aquilo que verdadeiramente as distingue não é nelas se escolher periodicamente um governo, é nelas se poder, pacificamente, correr com um governo de que não se gosta. São regimes de tentativa e erro, onde se podem corrigir trajetórias e onde existem mecanismos que limitam o poder das maiorias.
Por isto sei que a democracia existe e não está ameaçada. Não existe a perseguição ou a censura, não deixou de haver liberdade nos jornais e nas televisões, não fecharam a Internet, não foram proibidas as eleições marcadas para o próximo mês de Maio.
Por tudo isto sei que vivo num país democrático e que garante a liberdade dos cidadãos, prova disso as inúmeras comemorações de rua a assinalar os 40 anos do regime democrático em Portugal, que deitou por terra 48 anos de ditadura. A viabilidade de podermos comemorar aquele dia em que, segundo Sophia: ” (…) inicial e limpo, Onde emergimos da noite e do silêncio, E livreshabitamos a substância do tempo.”