- Pub -

Por muitos argumentos que o governo arranje para justificar o caos que se tem vivido nos hospitais portugueses, o certo é que não há argumento que consiga justificar as muitas mortes que se têm sucedido nas urgências hospitalares pelo elevado número de horas em espera.

A abertura de inquéritos para apuramento de responsabilidades, será com certeza inconclusivo e, a culpa morrerá solteira mais uma vez, à semelhança do que aconteceu há alguns meses com as mortes provocadas por Legionella (o terceiro maior surto do mundo).

Vários serão os fatores que levam a uma espera de horas nos corredores dos hospitais portugueses, o frio que tornou este inverno o pior de sempre, uma população envelhecida e por isso mais vulnerável e o surto de gripe que chegou mais cedo do que o esperado. Todos estes fatores em conjugação levam a uma afluência maior às urgências hospitalares, mas o que é certo e não pode ser ignorado é que de uma forma mais ou menos eficaz, teríamos de estar preparados para isso. Então porque é que não estamos? O que está realmente a falhar?

A verdade é que o desinvestimento feito na saúde, como noutras áreas, com o encerramento dos centros de saúde e urgências, a extinção de camas, a reforma ou emigração de muitos médicos e a total dependência ao ministério das finanças, leva a que se dê uma rutura no sistema.

Os médicos que se reformaram já deveriam ter sido substituídos, não se pode tratar a vida das pessoas à tarefa, contratando por 30 euros por hora (menos de metade do valor pago pela gestão privada) em vez de empregar os clínicos. Esses 30 euros, são na prática 12,5, já que parte vai para o estado e outra parte vai para a empresa que contrata.

Qual pode ser a motivação dos profissionais de saúde, quando examinam centenas de pessoas por turno, o cansaço, já de si numa profissão tão desgastante, bem como a falta de condições de trabalho, leva inevitavelmente ao caos.

As pessoas não podem ser tratadas como números.

Há áreas onde não se pode brincar e com a saúde não se brinca!

- Pub -

Deixe o seu comentário