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Filipe Pinto é natural de Porto, foi vencedor do “Ídolos em 2010”, concurso que lhe deu a oportunidade de tornar público o seu talento. A música até então o escape para “as tristezas e alegrias do dia-a-dia”, abre portas para uma nova fase da sua vida.

A ascensão rápida que o programa proporciona, faz com que o nome do cantor e compositor seja reconhecido junto dos fãs mas, passados 4 anos, por onde anda o Filipe Pinto?

O iPressGlobal esteve a conversa com o cantor que nos contou como foi a sua passagem pelos “Ídolos” e como têm sido os seus dias após o momento alto do programa. Falou-nos de como tem gerido a sua carreira, das motivações e dos projetos que tem vindo a desenvolver.

iPG- Quando decidiu participar nos Ídolos fê-lo com a ideia de encontrar uma oportunidade para criar uma carreira na música ou simplesmente pela experiência?

F.P. – A minha noção e prespetiva de música eram sempre ligadas a um “hobbie” e ao bem-estar. De algum modo a música era para mim um escape para a minha realidade, os problemas do dia-a-dia, as tristezas ou alegrias. Eu sentia-me muito bem a cantar e a tocar e nessa fase comecei a compor algumas músicas em inglês também devido à influência do que ouvia na altura. A era do Grunge foi uma inspiração para mim. Depois de entrar em Engenharia Florestal o meu foco era o curso e a música ficou um pouco de lado, no entanto, a partir do momento em que entrei no programa, perante a reação do júri acabei por decidir ir em frente. Não tinha intenção em seguir música quando decidi participar no programa, mas havia um lado meu, um lado escondido que sempre se alimentou da música mas que até então nunca se tinha revelado.

iPG -Ter participado num programa como o “Ídolos” dá uma projeção rápida à pessoa. Foi fácil lidar com essa visibilidade?

F.P. – Não, nada fácil. O essencial a reter neste tipo de programas é a visibilidade e aprender a usá-la. Acabei por crescer nesse sentido, percebi que devemos ser fiéis aquilo que somos e o mais coerentes possível. A exposição é de facto um pilar importante, hoje quando queremos apresentar um projeto ou o nosso trabalho, precisamos dos media, que de algum modo nos ajudam a divulgar o que fazemos.

Na altura foi tudo muito repentino, os meus dias de tranquilidade foram sendo cada vez mais reduzidos, porque as pessoas ao verem-me queriam ter a sensação de falar comigo.

iPG – Essa foi também uma aprendizagem que a participação no programa lhe trouxe?Mário Tavares - iPressGlobal-0048

F.P. – Sem dúvida, lidar com as pessoas foi uma aprendizagem também. Como é que se lida com o facto de não conheceres as pessoas mas elas te conhecerem? Como é que tentas ser o mais tu possível, mesmo nos dias em que estás menos bem? Há diferentes modos de contacto, há pessoas que reagem de forma mais pacata e discreta, o que a meu ver é a forma mais simpática de nos abordarem. Eu gosto desta aproximação, todas as formas de abordagem são boas porque são o reflexo do carinho e reconhecimento do público pelo programa e pelo meu percurso, o que é ótimo para mim.

iPG – Ainda sente o reconhecimento do público na rua?

F.P. – Sim, ainda ontem aconteceu uma situação curiosa, estava parado no passeio a conversar e de repente trava um carro no meio do trânsito e sai uma jovem que me reconheceu e queria tirar uma foto comigo. Hoje em dia, apesar de ter mudado fisicamente, ainda há uma aproximação. É naturalmente menos efusiva e intensa mas o reconhecimento ainda existe. Foi deixada uma marca na televisão que agora é necessário manter.

iPG- Manter uma carreira na música, tendo começado num programa de televisão, necessita de um maior empenho e esforço?

F.P. – É diferente, acho que todo o tipo de percurso musical é sempre relativo e difícil. A televisão dá-nos uma estrutura muito boa, ligada aos media, temos todo o tipo de logística, ao nível de som, do equipamento, temos a melhor banda, e também uma prespectiva de aprendizagem, na medida em que temos um voice coach que nos dá aulas. Nesta prespetiva quando essa “cama” sai o músico tem de criar a sua estrutura, precisa de músicos, de agência, de contactos com media. Tudo isso tem de ser um trabalho pessoal que é difícil. Mas também é duro o percurso que os músicos que conhecemos fazem para entrar progressivamente no meio artístico, conquistando o seu público. A nível de dificuldade, sacrifício e trabalho os dois modos de começar uma carreira são exigentes e depois existe o fator sorte e persistência.

iPG – O que lhe trouxeram estes quatro anos de trabalho, cresceu enquanto músico?

F.P – Houve um crescimento, uma maior maturidade a nível pessoal e profissional. O ano que estive com a bolsa de estudos em Londres ajudou-me muito a crescer, na medida em que vi outras coisas, outras pessoas, outro mercado. Sinto que a nível de composição quero evoluir, quero aprender mais, quero formar-me em música. Entrei este ano em Música, na Escola Superior de Educação, porque quero ampliar o meu espectro de conhecimentos e neste sentido frequentar o curso vai motivar-me a estudar e a empenhar-me para conhecer outros conteúdos. Por outro lado, sinto que estou a melhorar no sentido em que estou a tornar a música mais alegre, integrando instrumentos portugueses e o registo da música folk através da introdução nas minhas musicas do som acústico, do som das dozes cordas, do cavaquinho, da braguesa, do ukelele, do violino e da harpa. Não quero descruzar o que tenho feito, vai haver uma linha contínua mas a nível de percurso musical cresci.

iPG – O prémio da MTV que recebeu em 2013 também o incentivou a continuar o seu percurso?

F.P. – Sem dúvida, receber o prémio foi a cereja no topo do bolo. No fundo é o reconhecimento não só por parte da MTV, mas de todas as pessoas do país. As bandas que estavam a concurso eram muito reconhecidas e eu estar lá e poder representar o meu país em Amesterdão, foi para mim um privilégio e deixou-me muito feliz. Isso também me motivou para procurar mais formação, no sentido de perceber cada vez mais a música que ofereço as pessoas.

iPG – Neste momento, sabemos que está a gravar um novo cd e tem o projeto “ Planeta Limpo”, dedicado às crianças. Como surgiu a ideia para esse projeto?

F.P. – O projeto “Planeta Limpo” surgiu quando recebi um ukelele e comecei a criar alguns temas e aperceber-me que eram melodiosos e bonitos. Comecei achar que eram bons para letras relacionadas com o ambiente e que através delas podia explicar às crianças, por exemplo, porque é que temos de poupar a água. Nessa prespetiva associei-me a Betweien e criamos um projeto, tal como eu queria, que fosse além de um livro, que envolvesse vários aspetos e sensações. Assim surgimos a ideia de criar um livro, um jogo, um cd e um dvd. O projeto engloba quatro capítulos, a água, a reciclagem, a floresta e os solos que são tópicos abordados no pré-escolar, 1º e 2º ciclo. A partir daí comecei a criar temas ligados a estes capítulos, criamos personagens e o imaginário de Filipe Pinto, um músico que vive na floresta, que trata da sua própria horta e que viaja para a cidade para animar as crianças com quem se cruza. É nessas viagens que Filipe se encontra com várias personagens e no diálogo entre elas vai explicando os temas em questão.

iPG – Como tem sido a reação do público ao projeto?

F.P. – Este projeto para mim tem sido um orgulho, já vamos na 3ªedição do livro e temos sido muito solicitados por escolas e agrupamento para apresentá-lo. As crianças estão muito sensíveis a estas temáticas, absorvem o que lhes interessa no momento e eu acho que a música ai é um fator decisivo, assim como a coreografia presente no dvd que capta a sua atenção visual. O jogo é igualmente interessante, embora simples, é um jogo pedagógico, onde a criança aprende sempre algo novo mesmo que só jogue uma vez.

O facto dos media, através do Canal Panda, do Nickelodeon terem divulgado o projeto e do Zig-Zag um programa pedagógico ter passado o videoclip também ajudou a levá-lo a mais crianças e a atingir estes resultados.

Este é portanto um projeto para continuar, com algumas alterações, como por exemplo a inserção da linguagem gestual portuguesa, o que o tornará mais social e abrangente.

iPG – Quando chega ao mercado o seu novo cd?Mário Tavares - iPressGlobal-0082

F.P. – Estou neste momento a gravar um novo cd, aqui no Porto, a nível de estrutura, de produção e pré-produção é semelhante ao disco “Cerne”. No entanto, acho que…acho não, tenho a certeza, que está um disco com mais identidade, inclui mais percussão e mais instrumentos de cordas, também pretendo incluir o som de uma harpa. Não sei se conseguirei lançar o cd ainda este ano, espero conseguir lançar pelo menos o single.

Texto: Mara Pereira / iPressGlobal
Fotos: Mário Tavares / iPressGlobal
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